31 de mar. de 2020

A Oliveira fiel. (C. h. Spurgeon)


"Porém a oliveira lhes respondeu: Deixaria eu o meu óleo, que Deus e os homens em mim prezam, e iria pairar sobre as árvores?" (Jz 9:9)

As árvores estavam sob o governo de Deus, e não queriam rei; mas nesta fábula. elas "se foram", e desse modo renunciaram a seu verdadeiro lugar. Então, procuraram ser iguais aos homens, esquecidas de que Deus não as fizera, a fim de se conformarem a uma raça decaída. Revoltando-se, elas se esforçaram por aliciar as melhores, que haviam permanecido fiéis.

I - AS PROMOÇÕES APARENTES NÃO DEVEM ATRAIR-NOS
   a) A pergunta a ser feita é: Deixaria eu?
       A ênfase  deve recair sobre o pronome 'eu'. Deixaria eu? Se Deus me deu dons peculiares ou graça especial, é para que eu passe a brincar com esse dons? Deveria eu abrir mão deles, a fim de obter honra para mim mesmo? (Ne 6:11). Uma posição mas elevada pode parecer desejável, mas seria certo obtê-la a tal custo? (Jr 45:5).
       Posso esperar a benção de Deus sobre trabalho tão estranho? Formule a pergunta no caso de riqueza, honra, poder, que são postos diante de nós. Deveríamos agarrar-nos a eles, com risco de viver menos em paz, de sermos menos santos, menos dados à oração, menos úteis?

II - NÃO SE DEVE BRINCAR COM AS VANTAGENS REAIS
   A maior vantagem da vida é ser útil, tanto para Deus como para os homens. "Por mim elas horam a Deus e ao homem". Devemos prezar esse alto privilégio de todo o coração.
   Também podemos opor-nos ás tentações, refletindo que a perspectiva é surpreendente. "Deixaria eu o meu óleo?" Para uma oliveira fazer isto seria desnatural: para um crente deixar a vida santa seria pior (Jó 6:68)
   O retrospecto seria terrível - "deixar o meu óleo". O que deve significar deixar a graça, a verdade, a santidade de Cristo? Lembre-se de Judas.
   Tudo terminaria em desapontamento, pois nada poderia compensar a perda do Senhor. Tudo o mais é morte (Jr 17:13)

III - DEVE-SE TIRAR PROVEITO DA TENTAÇÃO
   a) Aprofundemos mais a raiz. A mera sugestão para deixar nosso óleo deveria fazer que nos agarrássemos mais depressa a ele. Sintamo-nos mais contentes, e falemos mais carinhosamente de nosso estado de graça, para que ninguém ouse seduzir-nos. Quando Satanás nos vê firmados de modo feliz, tem menos esperança de derrotar-nos.

Muitos, com o fito de obter salário mais elevado, têm deixado o companheirismo santo e oportunidades sagradas de ouvir a Palavra e crescer em graça. Tais pessoas são tolas como os pobres índios, que deram ouro aos espanhóis, em troca de miçangas. As riquezas obtidas com o empobrecimento de alma sempre constituem maldição. Aumentar os negócios de sorte que não possam comparecer  aos cultos é tonar-se realmente mais pobres; abrir mão do prazer celestial e, em troca, receber cuidados terreais é uma lamentável variedade de comércio (George Herbert). 

O sol da justiça. (Prof. Anísio Renato de Andrade)


"Mas, para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e salvação trará debaixo das suas asas." (Malaquias 4.2).

Esta foi a última profecia do Velho Testamento a respeito da vinda do Messias ao mundo. Quando Jesus veio, Mateus testificou, dizendo: "O povo que estava assentado em trevas viu uma grande luz; e aos que jaziam na região da sombra da morte, a luz raiou." (Mt.4.16). Jesus é o sol da justiça.

Pensemos um pouco sobre o sol que conhecemos. Essa estrela magnífica nos ilumina todos os dias. Um único sol é capaz de iluminar todo o planeta terra, ao mesmo tempo em que ilumina outros planetas do nosso sistema. Se a terra fosse plana, ficaria toda iluminada ao mesmo tempo, mas como é redonda, tem sempre uma parte "de costas" para o sol, ficando então na escuridão. Da mesma forma, se muitos estão em trevas espirituais é porque deram as costas para Deus. Se muitos estão perdidos na maldade, na condenação, não é por culpa de Deus, nem por incapacidade divina. Está escrito: "A mão do Senhor não está encolhida para que não possa salvar, nem o seu ouvido agravado para que não possa ouvir, mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados escondem o seu rosto de vós para que não vos ouça." (Isaías 59.1-2).

Outra questão interessante sobre o sol é que, quando chega a noite, acendemos milhares ou talvez milhões de lâmpadas em toda parte, mas todas elas juntas não chegam a produzir uma mínima porcentagem do calor ou da luz que o sol produz. Isso nos mostra a insignificância dos recursos do homem diante da grandeza das obras de Deus. Do mesmo modo, aquele que vira as costas para Jesus procura muitas lâmpadas para se iluminar e para se aquecer. São tantos falsos deuses, tantos santos, tantos guias, tantos amuletos, tantos talismãs, tantos objetos mágicos, mas tudo isso junto não produz nada que possa substituir a presença de Cristo na vida do homem.

Deixe de buscar luzes artificiais. Vire-se para a verdadeira luz, o sol da justiça, Jesus Cristo, o único Salvador. Ele mesmo disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará em trevas. Pelo contrário, terá a luz da vida." (João 8.12). Iluminados por Cristo não erraremos o caminho até às nossas moradas eternas nas regiões celestiais. Aleluia!

(In)gratidão. (Prof. Anísio Renato de Andrade)

"Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco." (I Ts.5.18).

O ser humano tem a tendência de focalizar apenas as coisas negativas. Por exemplo, se alguém fala do governo, normalmente só se lembra de mencionar o que não foi realizado e o que deu errado na administração. Se falamos do tempo, é para reclamar do calor, do frio, da chuva, ou da falta dela. Estamos sempre enfatizando aquilo que falta em nossas vidas. Assim, tornamo-nos pessoas que só reclamam, murmuram e lamentam. Aliás, a murmuração foi um dos pecados cometidos pelo povo de Israel no deserto que mais ofenderam a Deus. O Senhor enviava o maná todos os dias, mas o povo não agradecia. Pelo contrário, reclamava de tudo, até das bençãos que Deus dava.

A palavra de Deus nos incentiva a termos em nossos lábios o louvor e a gratidão ao Senhor. Você pode fazer isso? Mas, pelo quê poderíamos agradecer? Talvez, num primeiro instante, pode parecer que não existem motivos. Porém, se pensarmos um pouco, logo nos lembraremos de inúmeras razões de agradecimento. Experimente fazer uma lista de tudo o que há de bom em sua vida: seus bens, seu emprego, seu salário, sua saúde, o alimento, os entes queridos, etc. De repente, você vai ver que, enquanto pensava naquilo que falta, estava se esquecendo de agradecer a Deus por aquilo que ele já lhe concedeu. Se, ao fazer essa análise, você constatar que não tem nada para agradecer, lembre-se que você tem o dom da vida, que é um milagre de Deus. As pessoas podem fazer muito por você, mas sua vida só Deus pode manter ou tirar. Sua vida representa a oportunidade máxima para toda e qualquer realização ou aquisição que você possa conseguir. Agradeça a Deus por isso.

Talvez você pense que recebeu tão pouco e, por isso, é insatisfeito. Certa vez, Jesus contou uma parábola a respeito de um senhor que deu cinco talentos a um servo, dois talentos para outro, e um talento para o terceiro. Os dois primeiros servos trabalharam com aquele dinheiro e o multiplicaram, enquanto que aquele que recebeu um talento ficou magoado e ressentido contra o seu senhor. Aquele homem foi ingrato, não trabalhou com o dinheiro recebido e, por fim, perdeu o talento e ainda foi castigado. Qual será a nossa situação? Achamos que recebemos pouco? Sejamos gratos ao Senhor. Vamos trabalhar para que aquilo que o Senhor nos deu seja multiplicado. Esta palavra não é um incentivo ao comodismo, mas uma admoestação para que a ingratidão não tenha lugar em nossa vida.

Não nos esqueçamos de agradecer. Um dia, Jesus curou dez leprosos. Apenas um voltou para agradecer. Aí então, recebeu uma benção maior. Jesus lhe disse: "Vai em paz. A tua fé te salvou." Na hora de pedir, forma-se uma grande multidão. Na hora do agradecimento, poucos aparecem. Que estejamos no meio deste pequeno grupo que não perde a oportunidade de olhar para o céu e dizer: Senhor, muito obrigado.

30 de mar. de 2020

Oração Temporã. (C. H. Spurgeon)



"Por que clamas a mim?" (Êx 14:15)

Pode chegar a ocasião quando esta pergunta tem de ser feita, mesmo a um homem como Moisés. Há um período quando clamar deveria ceder o lugar a ação; quando a oração é ouvida e o Mar Vermelho se abre, seria vergonhosa desobediência permanecer tremendo e orando.

I – ÀS VEZES, A RESPOSTA SERÁ MUITO INSATISFATÓRIA.
   a) Porque fui educado para fazer assim. Alguns têm demonstrado total hipocrisia pela repetição de fórmulas de oração, aprendidas na infância.
   b) Faz parte de minha religião. Esses tais oram como um dervixe dança ou um faquir mantém o braço erguido para o alto; nada sabem, porém, da realidade espiritual da oração (Mt 6:7).
   c) Em minha mente, acho mais fácil fazer assim. Acha mesmo tudo mais fácil? Não se pode dar o caso de que suas orações formais escarneçam de Deus e, assim, aumentem seu pecado? (Is 1:12,15; Ez 20:31)

II – ÀS VEZES, A RESPOSTA REVELARÁ IGNORÂNCIA.
   a) Quando ela impede o arrependimento imediato. Em vez de deixar o pecado e lamentá-lo, algumas pessoas falam em orar. "Obedecer é melhor do que sacrificar", e é melhor do que as súplicas.
   c) Quando supomos que ela nos adapta a Jesus. Devemos ir a Ele como pecadores, e não apresentar nossas orações como ostentação de justiça (Lc 18:11-12)

III – ÀS VEZES, A RESPOSTA SERÁ PERFEITAMENTE CORRETA
   a) Porque é meu dever. Estou em dificuldades e devo orar ou perecer. Suspiros e clamores não são feitos para ordenar, mas são as explosões irresistíveis do coração (Sl 42:1; Rm 8:26)
   b) Porque sei que serei ouvido, sinto, portanto, forte desejo de me dirigir a Deus, em súplica. "Porque inclinou para mim os seus ouvidos, invocá-lo-ei enquanto eu viver" (Sl 116:2).
   c) Porque nela me deleito; ela me traz descanso à mente e esperança ao coração. Ela é um meio suave de comunhão com o meu Deus. "Quanto a mim, bom é estar junto a Deus" (Sl 73:28)
   d) Onde devem estar aqueles que dependem de suas próprias orações?
       Quais são aqueles que vivem sem orar?
       Quais são aqueles que não podem apresentar motivos para orar, mas repetem, supersticiosamente, palavras sem sentido?

Uma ansiosa indagadora, a quem apresentei claramente a grande ordem do evangelho, "crê no Senhor Jesus", constantemente frustrava minhas tentativas de afastá-la do seu ego e levá-la a Cristo. Por fim, ela gritou: "Ore por mim! Ore por mim!" Parece que ela ficou grandemente chocada, quando afirmei: "Não farei tal coisa. Já orei por você; mas, se você se recusa a crer na Palavra do Senhor, não vejo nenhum motivo para que eu ore. O Senhor pede que você creia em Seu Filho e, se você não crê, mas persiste em fazer de Deus mentiroso, você perecerá, e bem o merece". Isso a fez cair em si. Ela rogou de novo que lhe dissesse qual o caminho da salvação, e a recebeu calmamente, como uma criança. Seu corpo tremia, sua face brilhava, e ela bradou: "Senhor, posso crer; de fato, eu creio e estou salva. Agradeço-lhe o recusar-se a consolar-me em minha descrença". Depois, ela disse mui suavemente: "Não quer orar por mim agora?" Certamente o fiz, e juntos nos regozijamos, porque ela podia apresentar a oração da fé.

"Tenho fartura". (C. H. Spurgeon)


"Disse Esaú: Eu tenho muitos bens". (Disse Jacó:) "Tenho fartura" (Gn 33:9,11)

É tão raro quão agradável encontrarmo-nos com um homem que tenha fartura; a grande maioria está lutando para obter mais. Aqui vemos duas pessoas que estavam contentes. Dois irmãos de temperamento diferente, cada qual dizendo: "Tenho fartura". Onde encontraremos irmão como esses?

I – EIS UM ÍMPIO QUE TEM FARTURA
   a) Pelo fato de Esaú ter outras falhas, não há necessidade de que esteja descontente e ávido: o contentamento é uma excelência moral, tanto quanto uma graça espiritual. Ele tem, porém, o seu lado mau. Tende a desprezar as riquezas espirituais.
      Pode, pois, ser um sinal de alguém ter a sua porção nessa vida.

II – EIS UM HOMEM PIEDOSO QUE TEM FARTURA
   a) É uma pena que isso não seja verdadeiro acerca de cada cristão.
       Alguns parecem ansiosos pelas coisas do mundo, embora professem estar separados dele.
   b) É prazeroso ter fartura. O contentamento sobrepuja as riquezas.
   c) É agradável ter algo sobressalente para os pobres; e esse deveria ser o objetivo do nosso labor (Ef 4:28)
   d) O melhor de tudo é ter todas as coisas. "Tudo é vosso" (1 Co 3:22)

Uma pobre cristã que estava quebrando o jejum com um pedaço de pão e uma xícara de água exclamou: "O quê! Tudo isto e Cristo também!"

Um pregador puritano, pedindo a benção para um arenque e algumas batatas, disse: "Senhor, damos-te graças, porque rebuscaste o mar e a terra, a fim de achar alimento para teus filhos" (Máximas para meditação)

Não fica a abelha tão satisfeita em nutrir-se do orvalho, ou sugando o néctar de uma flor, quanto o boi que pasta nas montanhas? [...] O descontentamento rouba a um homem o poder de desfrutar o que possui. Uma gota ou duas de vinagre azedam todo um copo de vinho

Encontros com o inimigo. (Prof. Anísio Renato de Andrade)


O tema que escolhi para o presente artigo pode parecer abominável para muitas pessoas. Todos gostam de ouvir falar a respeito de coisas boas, sobre Jesus, sobre Deus, e às vezes, fazem de conta que o inimigo, Satanás, não existe. Alguns se recusam até a mencionar tal nome. Entretanto, os autores bíblicos não foram omissos a este respeito. Eles mencionaram o inimigo inúmeras vezes e o apóstolo Paulo chegou a dizer que não ignorava as suas ciladas (2 Cor.2.11). Para conhecermos tais artimanhas, precisamos estudá-las a partir daquilo que observamos no dia-a-dia e principalmente com base nos relatos das sagradas escrituras.

Você pode viver tentando ignorar a pessoa do diabo e de seus anjos caídos. Contudo, um dia você terá um encontro com ele, se é que ainda não teve. Afinal, somos o exército de Deus. Sempre cantamos isso em nossos hinos. Cada um de nós é um soldado, e pra quê serviria um soldado de Cristo se nunca acontecesse esse tão terrível encontro com o inimigo. O exército de Cristo não existe com o objetivo de fazer desfiles em praça pública; nem tampouco somos chamados para a realização de guerras eletrônicas ou por mísseis de grande alcance, quando o inimigo nem sequer é visto.

Vejamos dois exemplos de encontros com o inimigo de acordo com os relatos bíblicos: Eva encontrou-se com ele no jardim do Éden e foi derrotada (Gênesis 3). Jesus encontrou-se com o Diabo no deserto e saiu vitorioso (Mateus 4).

Na maioria das vezes, o encontro com o inimigo se dará no momento da tentação. É hora do teste. Depois de tantos encontros com Deus no jardim, Eva precisou fazer um teste com o adversário. Teria ela assimilado bem as palavras de Deus? Estaria preparada para passar a uma nova fase de sua vida espiritual? Essas perguntas só seriam respondidas mediante o resultado do encontro com o inimigo.

Tendo em mente essa linha de raciocínio, entendemos porque muitas pessoas, depois de passarem anos dentro da igreja, se desviam, abandonam o evangelho. Certamente, tiveram um encontro com o Diabo e foram por ele vencidas. Muitas vezes acontece com jovens que cresceram recebendo os ensinamentos do evangelho e um dia abandonaram tudo. Certamente, tiveram um encontro com o inimigo e foram levados pelo engano do pecado. Se você já enfrentou o mal e venceu, não relaxe, outros encontros virão. Se você foi derrubado, não desanime. A guerra não acabou. Retorne à sua posição, recarregue suas armas e prossiga.

Um dos fatores que dificultam a situação é o disfarce do maligno. Ele vem com uma aparência atraente. Não com chifres e rabo, mas com um aspecto agradável. Então, nesse momento, muitos soldados põem as armas no chão e lhe dão as boas vindas. Assim aconteceu com Josué, quando recebeu os gibeonitas, os quais se apresentaram como se fossem amigos, quando, de fato, não eram.

Poderíamos perguntar: Por quê Deus não nos livra desse tipo de experiência? Nem o próprio Jesus escapou dela. Deus não nos livra desse confronto, ele nos alerta a respeito dele. Cabe a cada um de nós o preparo. E como isso acontece? Através do jejum, da oração, da comunhão com os irmãos e pelo conhecimento da palavra de Deus. Jesus teve um confronto com o inimigo e o venceu porque estava cheio do Espírito Santo e cheio da Palavra. Sem essas armas, seremos apenas mais algumas vítimas para as contas do maligno.

Portanto, prepara-te. Cada um de nós deve se preparar. Nossa guerra não é de brincadeira. Vida cristã não é videogame, é luta de verdade.

Não quero, amanhã ou depois, receber a notícia de que você, meu amado companheiro de batalha, caiu diante do inimigo.

Que o Senhor nos ajude. O encontro é inevitável e até mesmo necessário. Podemos até sofrer algum pequeno dano, mas não podemos perecer no campo da peleja. E ainda que o mal nos fira o calcanhar, esta será a sua última reação antes de ter a sua cabeça esmagada pelo Corpo de Cristo, que é a igreja (Rom.16.20).

Lutar com Deus. (C. H. Spurgeon)


"Como príncipe lutaste com Deus" (Gn 32:28)

Quando Jacó prevaleceu com Deus, não tinha mais motivo algum para temer a Esaú. Era o poder de um único indivíduo, revelado em momentos de profunda aflição: quão maior poder se encontrará onde dois ou três concordarem em oração!

I – O QUE ESSE PODER NÃO PODE SER
  a) Não pode ser mágico. Alguns parecem imaginar que as orações são encantamentos, mas isso é inútil (Mt 6:7)
      Não pode ser louvável.
      Não pode ser independente. Deve ser dado pelo Senhor.

II – DONDE PROCEDE ESSE PODER
   a) Provém da natureza do Senhor: Sua bondade e ternura são excitadas pela visão de nossa tristeza e franqueza. Um soldado que estava prestes a matar uma criança, pôs de lado sua arma, quando o pequenino gritou: "Não me mate; sou tão pequeno".
   b) Procede da promessa de Deus. Em sua aliança, no evangelho e na Palavra, o Senhor se liga com grilhões àqueles que sabem como pleitear sua verdade e fidelidade.
   c) Brota dos relacionamentos da graça. Um pai, certamente ouvirá os próprios filhos.
   d) Surge de atos prévios do Senhor. A escolha que ele faz de seu povo, é um poder diante dele visto que ele não muda seus propósitos.

III – COMO PODE SER ELE EXERCIDO
  a) Deve haver profundo censo de franqueza (2 Co 12:10)
  b) Deve haver fé simples na bondade do Senhor (Jó 14:12)
      A fé pisa o mundo e o inferno;
      Ela vence a morte e o desespero;
      E o que é ainda mais estranho dizer: ela vence o céu pela oração.
   c) Deve haver obediência séria à sua vontade (Jó 9:31)
   d) O coração inteiro deve ser derramado (Os 12:4)

IV – QUAL USO PODE SER DADO A ESSE PODER
   a) Para nós mesmos.
       Para nosso próprio livramento de alguma provação.
       Para nosso consolo futuro, força e crescimento, quando, à semelhança de Jacó, formos sujeitos a provas sucessivas.
    b) Para outros.
        A esposa e os filhos de Jacó foram preservados, e o coração de Esaú foi abrandado.
        Em outros casos, Abraão, Jó, Moisés, Samuel, Paulo, etc. lutaram com Deus pelo bem de outros.
      Quão terrível é não poder lutar com Deus, mas combater contra ele com nossos frágeis braços!

Jacó, embora homem, um homem só, viajante, cansado, sim, embora um verme facilmente esmagado e pisado sob os pés, e não homem (Is 41:14), entretanto, na oração em particular, mostrou-se tão potente que venceu ao Deus onipotente: ele é tão poderoso que vence o Todo-Poderoso (Thomas Brooks).

Quantas vezes tenho visto uma criança lançar os braços em torno do pescoço de seu pai, e conquistar por meio de beijos e importunações e lágrimas o que havia sido recusado. Quem já não se rendeu à importunação, mesmo quando um animal irracional olha para nossa face com súplices, pedindo alimento? É Deus menos compassivo que nós? (Dr. Guthrie)

Esta é a chave que tem aberto, e depois fechado, o céu. Ela tem vencido exércitos poderosos, tem desvendado segredos tais que ultrapassam a habilidade do próprio diabo em descobrir. Ela tem sufocado planos desesperados no próprio ventre onde foram concebidos, e tem feito recair sobre os próprios inventores aqueles engenhos de crueldade, preparados contra os santos, de sorte que estes herdaram os patíbulos que erigiram para nós outros. Ao golpe da oração, as portas da prisão se têm aberto, as sepulturas têm devolvido seus mortos, e o leviatã do mar, incapaz de digerir a sua presa, teve de vomitá-la (W. Gurnall)

Apressando a Ló. (C. H. Spurgeon)


“Ao amanhecer, apertaram os anjos com Ló” (Gn 19:15)

Esses personagens eram anjos ou aparições divinas? Não importa: eram mensageiros enviados por Deus, para salvar. Em qualquer caso eles nos ensinam como lidar com os homens, já que desejamos despertá-los e abençoá-los. Imaginem os dois anjos com as quatro mãos ocupadas em conduzir para fora a Ló, sua esposa e suas duas filhas.

I – O JUSTO PRECISA SER APRESSADO
  a) Em quê? Em questões de obediência ao seu Senhor.
Em sair do mundo (v.26)
Em buscar o bem de sua família (v.12)
  b) Por quê? A carne é fraca. Ló, sendo já velho, estava caracterizado             demais pelo mundanismo.
Sodoma exercia uma lenta influência.
 c) Por quais meios? Lembrando-os de suas obrigações e oportunidades.
Levando-os a considerar a rápida passagem do tempo e a brevidade da vida.
Advertindo-os da ruína certa.

II – OS PECADORES PRECISAM SER APRESSADOS
  a) Os pecadores são muito indolentes e se inclinam a protelar.
       Eles se acomodam na Sodoma do pecado.
       Não creem em nossa advertência (v.14)
       A letargia é o grande invento de Satanás para a ruína deles.
  b) Nossa tarefa é apressá-los.
      Devemos, nós mesmos, ser diligentes como aqueles o foram.
      Também devemos ser pacientes e repetir nossos apelos.
      Devemos ser resolutos e segurá-los pelas mãos.
 c) Temos muitos argumentos para apressá-los como relação a eles.
     O iminente perigo em que se encontram, enquanto protelam.
     O pecado de tardarem, quando Deus ordena.
     A suprema necessidade de uma decisão imediata.

Quando certo jovem fez pública confissão do evangelho, seu pai, sobremaneira ofendido, deu-lhe este conselho: "Tiago, primeiro você deveria firmar-se num bom ramo de comércio, para depois pensar nesse assunto de religião". "Papai", disse o filho, "Jesus Cristo me aconselha de modo diferente. Ele diz: Buscai primeiro o Reino de Deus."

"Irmão", disse um moribundo, "porque você não foi mais insistente comigo, acerca de minha alma? "Caro Tiago", replicou o irmão, "falei com você por diversas vezes". "Sim", foi a resposta, "você não tem culpa; mas você sempre foi tão calmo a esse respeito; gostaria que você tivesse se ajoelhado por mim, ou me tivesse agarrado pelo pescoço e me sacudisse, pois tenho sido descuidado, e quase descambei para o inferno". 

27 de mar. de 2020

Paradoxos da Fé Moderna. (Prof. Anísio Renato de Andrade)


A revista Veja encomendou ao Instituto Vox Populi uma pesquisa em todas as regiões brasileiras sobre a fé em Deus. O resultado foi publicado na edição do dia 2 de abril, e trouxe informações surpreendentes. Entre os dados mais interessantes, destacamos:

99% dos entrevistados afirmam crer em Deus. Entretanto, 9% dizem não ter religião e 57% não frequentam assiduamente nenhuma igreja ou culto religioso. Esse é o retrato de uma sociedade que divorciou a fé da prática religiosa.

É bom sabermos que quase todos os brasileiros creem em Deus. Porém, para muitos, essa fé não tem tido utilidade.

Lembremo-nos do que escreveu Tiago: "Tu crês que há um só Deus? Fazes bem. Também os demônios creem e estremecem... A fé sem obras é morta." (Tiago 2.19-20).

Conforme exata observação do rabino Sobel, aquele que crê em Deus, vive com ele ou contra ele. A fé não é em si mesma um produto acabado. É preciso saber o que se fará com ela. Há que se tomar uma posição positiva ou negativa em relação àquele em quem se crê.

Você crê em Deus? Isto é excelente. É o primeiro passo. Entretanto, após a fé deve vir a experiência, que é o resultado da fé. Se você ainda não teve nenhuma experiência com Deus, busque-a de todo o coração. Se você já teve, clame por novas experiências. Não viva apenas da história. Essa experiência pode ser a conversão, o batismo com o Espírito Santo, dons espirituais, curas, respostas de oração, etc.

O que não pode acontecer é professarmos uma fé morta, uma fé apenas teórica, obscura e que, por falta de evidências, tenha uma existência profundamente questionável.
Se você crê na Bíblia, deve lê-la e estudá-la. Se você crê no valor do jejum, deve jejuar. Não permita que sua fé seja inútil. Assim, ela seria como um cheque preenchido com grande valor, mas que nunca foi descontado.

Depois da experiência vem o compromisso. Deus não quer que as pessoas sejam curadas , abençoadas e depois desapareçam da igreja. A fé terá atingido seu objetivo se houver compromisso com Deus. Ser membro da igreja e frequentar os cultos é importante, mas não é tudo. O compromisso com Deus vai além. Está relacionado ao nosso modo de vida. O cristão verdadeiro não se limita à prática de ritos religiosos, mas busca agradar a Deus em tudo, procurando saber a vontade divina para todas as decisões de sua vida. Desse modo, nossa fé será produtiva e nossa vida se tornará um culto constante ao Senhor.

O Deus criador. (Prof. Anísio Renato de Andrade)


A Bíblia começa apresentando Deus como criador: "No princípio Deus criou os céus e a terra." (Gn.1.1). Ser criador do universo é um predicativo exclusivo do nosso Deus. Os ídolos que existem por aí não criaram nada. Pelo contrário, eles mesmos foram criados por alguém. Os diversos espíritos, que são cultuados em várias religiões, não criaram nada, a não ser problemas nas vidas de seus seguidores. Só o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o nosso Deus, é o Deus criador. Portanto, só ele é digno de ser adorado por todos os seres criados. Do primeiro capítulo de Gênesis, podemos extrair diversos ensinamentos sobre Deus e seu ato criador:

1 - O relato fala de um só Deus criando tudo. Isto anula a crença em vários deuses e a idéia de que cada um deles pudesse ter criado uma parte do universo.

2 - A criação foi realizada em seis dias. Daí entendemos que Deus tem um tempo determinado para efetuar suas obras. Existe o tempo de começar, o tempo de duração e o tempo de término ou consumação.

3 - Houve uma seqüência determinada para que a criação fosse acontecendo. Tudo foi surgindo na ordem certa. Imagine só, se Deus criasse primeiro os peixes para depois criar a água. Ele não fez assim. Existe uma lógica no que Deus faz. Não se trata da lógica humana, mas uma "lógica divina", que, às vezes, não entendemos, mas que está de acordo com os rígidos padrões do criador.

4 - Ele deu nomes para as coisas criadas : céu, terra, lua, estrela, dia, noite, etc. Isto nos mostra que o Senhor não é Deus de confusão. Ele é organizado. É necessário que cada coisa tenha seu nome e esteja no seu devido lugar afim de que uma coisa não seja confundida com outra. Isto é importante, principalmente para não confundirmos o que é santo com o que é profano.

5 - Deus viu que tudo o que ele fez era bom. Tudo que Deus faz é bom. Até mesmo os castigos sobre seus filhos têm objetivo purificador. Essa bondade foi a marca de Deus colocada na criação. Foi um pouco do caráter divino que marcou o universo. No entanto, essa marca foi manchada quando o homem pecou. Daí em diante, a terra passou a produzir espinhos e a produção da lavoura passou a ser trabalhosa.

Vemos portanto, que o relato da criação é semelhante à ação de um maestro que, no uso de sua habilidade e direção, vai fazendo surgir uma grande variedade de sons que vão se combinando na mais linda harmonia. Por quê Deus criou o universo? Para que o próprio Deus fosse honrado, glorificado e louvado por suas criaturas. Vamos pois buscar a harmonia com o criador e viver para a sua honra. "Todo ser que respira louve ao Senhor. Aleluia!" (Sl.150.6).

24 de mar. de 2020

Como conhecer a Deus. (Prof. Anísio Renato de Andrade)


Na vida, estamos em contato com muitos seres, coisas e elementos. Ao lidar com algo ou com alguém, é melhor que saibamos, com antecedência, quais são suas principais características. Sem esse conhecimento, o contato pode ser muito perigoso. Um bom exemplo é a energia elétrica. Para fazermos uso dela sem riscos e com bom proveito, precisamos estar conscientes de sua natureza, ou seja, suas características. Caso contrário, podemos morrer eletrocutados.

Da mesma forma, é necessário que conheçamos a natureza de Deus, e esta informação é obtida, principalmente, através da leitura da Bíblia e, aliás, esse é um dos propósitos pelos quais possuímos a Bíblia: conhecer a natureza de Deus.

Quem não busca esse conhecimento através da Bíblia corre dois riscos:

1 - Adorar pessoas, espíritos ou objetos, pensando que está adorando a uma verdadeira divindade.

2 - Possuir uma idéia errada a respeito de Deus. Há quem diga: "Deus não vai mandar ninguém para o inferno. Ele é Pai de todos e vai salvar a todos".

Esta é uma frase típica de quem não conhece nada ou quase nada a respeito da natureza de Deus.
O pior efeito da ignorância é um modo de vida incompatível com a realidade. É um tipo de alienação espiritual. Quem vive confiando em uma idéia errada a respeito de Deus corre o risco de ter uma espantosa decepção no dia do Juízo Final.

Resumidamente, podemos dizer que a natureza de Deus engloba as seguintes características principais:

- Amor - Deus ama a humanidade.

- Justiça - Deus não ama o pecado. Apesar de amar o homem, Deus vai impor sua punição pelo pecado. Essa punição caiu sobre Cristo na cruz. Por causa desse sacrifício, aqueles que se arrependerem de seus pecados ficarão livres do castigo.

- Santidade - Deus é santo, separado de todo mal.

- Espiritualidade - Deus é Espírito. Isto significa que ele não é formado pela matéria, não é uma imagem de escultura, nem um objeto.

- Personalidade - Deus é um ser pessoal, ou seja, ele tem vontade própria, inteligência e sentimentos. A personalidade de Deus pressupõe também sua individualidade, isto é, ele é um ser distinto dos demais, um indivíduo, por assim dizer. Deus não é uma idéia, não é uma força, nem uma energia. Deus não está contido na sua criação e não pode ser confundido com ela.

- Eternidade - Deus não teve principio nem terá fim.

Se formos explorar mais o assunto, veremos que a natureza de Deus é um tema ilimitado o vai além da capacidade humana de compreender. Não obstante, devemos sempre estudar a Bíblia afim de conhecermos mais sobre a natureza do Senhor e, desta forma, podermos viver de modo mais agradável a ele.

A Natureza de Deus. (Prof. Anísio Renato de Andrade)


Existem elementos na natureza que não são percebidos pelos cincos sentidos do corpo humano e há outros que só são captados parcialmente. Por exemplo, as luzes de cor ultra-violeta e infra-vermelho não são visíveis aos nossos olhos. Existem sons de freqüência tão alta ou tão baixa, que nossos ouvidos não conseguem ouvi-los. É como se tudo isso, aparentemente, não existisse.

Podemos citar ainda o ar, que não pode ser visto mas pode ser sentido quando está em movimento no vento ou na respiração. Não vemos o oxigênio, mas dependemos dele para viver. Entretanto, nem tudo no ar é bom. Existem alguns gazes que, além de invisíveis, não possuem nenhum cheiro e, apesar disso, são mortais quando inalados.

Pensando nesses exemplos, podemos relacioná-los com o mundo espiritual, que não pode ser visto, mas pode ser sentido algumas vezes. A palavra "espírito" significa "vento" ou "sopro". Isto não quer dizer que o espírito seja composto de ar, mas que a realidade espiritual é invisível, porém real e presente na vida humana.

A Bíblia diz que "Deus é Espírito" (João 4.24). Em princípio, ele não pode ser captado pelos sentidos humanos. Se quisermos apalpá-lo, não o encontraremos (At. 18.27). Um dos astronautas que foram à lua voltou dizendo: "Não vi Deus". Ele não pode ser encontrado através de esforços humanos. Entretanto, para nosso alívio, o próprio Deus decidiu se revelar. A natureza é o primeiro meio que Deus usa para testemunhar da sua existência (Sal. 19.1 Rom. 1.18-20). Em segundo lugar, Deus falou e fala através dos profetas (Heb. 1.1). Em terceiro lugar, Deus nos fala através da Bíblia (II Tm. 3.16 Heb. 4.12). Em quarto lugar, Deus falou pessoalmente à humanidade através de Jesus Cristo. Em quinto lugar, Deus fala aos cristãos através do Espírito Santo.

Estes são os meios pelos quais todos podem conhecer a Deus. Precisamos conhecê-lo cada vez mais. Para isso, devemos estudar a Bíblia, receber a Cristo como salvador e pedir que ele nos encha com o Espírito Santo. Este é o único caminho para uma espiritualidade sadia.

Como Entrar no Reino de Deus. (Prof. Anísio Renato de Andrade)


"Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem de obras, para que ninguém se glorie" ( Ef 2.8 ).

O pecado separou o homem de Deus. A humanidade sentiu esta separação e a distância do Criador. Por esta razão, o ser humano tem se esforçado muito para se aproximar e se religar a Deus. Daí surgiram inúmeras religiões. ( Religião = religar). Cada uma apresenta seus sacrifícios e boas obras como meio de chegar a Deus.

O cristianismo bíblico não é simplesmente mais uma religião, como querem muitos historiadores e antropólogos. Esta é a única religião em que a divindade se torna o próprio sacrifício. Deus sabia que nada existia em nós que pudesse servir como oferta aceitável para perdão dos pecados e salvação das nossas almas. Por isso, enviou Jesus Cristo, o cordeiro de Deus, para morrer em nosso lugar. Agora, cabe a cada um de nós apenas crer na eficácia do sacrifício de Jesus, arrepender dos nossos pecados e pedir o seu perdão e salvação.

Boas obras, ações caridosas, não têm o poder de levar ninguém ao céu. Entretanto, sendo salvos pela fé, somos ensinados a praticar as boas obras, e devemos praticá-las, como uma forma de testemunho e demonstração de amor ao próximo.

"Se com a tua boca confessares e com o teu coração creres que Deus ressuscitou a Cristo dentre os mortos, serás salvo". (Rm.10-9).

Caminho Difícil. Destino Glorioso. (Prof. Anísio Renato de Andrade)


Neste caminho para a terra prometida existem serpentes. Às vezes, falta água, e o calor é intenso. Mas não estamos sós. O Senhor está conosco. Pode parecer contraditório. Como disse Gideão: "Se o Senhor é conosco, por quê tudo isso nos sobreveio?" (Jz.6). Nem o anjo respondeu. Apenas deu uma ordem: "Vai, Gideão, e livra Israel dos midianitas." Estamos sempre querendo entender a situação. Estamos fazendo tantas perguntas, mas muitas delas não são respondidas por Deus. No céu não tem departamento de informações. "As coisas ocultas pertencem ao Senhor." (Dt.29.29). O Senhor quer que deixemos as perguntas e nos concentremos na missão. "Vai, Gideão, e livra Israel." Você não precisa entender. Precisa obedecer. O caminho é difícil, mas precisamos continuar caminhando.

Pensemos, por exemplo, na trajetória de José, filho de Jacó. Depois de seus sonhos maravilhosos, precisou encarar uma realidade que mais parecia um pesadelo. Nada parecia se encaixar com as promessas de Deus para ele. Primeiro, a inveja por parte dos irmãos. Depois, escravidão. Como se não bastasse, calúnia e prisão. E lembre-se de que ele era um servo fiel a Deus. José foi acusado de um crime que não cometeu. Ele foi vítima de uma injustiça. E o mais incrível é que Deus não interferiu para livrá-lo daquela situação. A acusação injusta foi mantida e José passou alguns anos na prisão. Podemos perguntar: por quê Deus permitiu essa injustiça na vida de José? Por quê Deus permite que sejamos vítimas de injustiças? Podemos responder apenas: faz parte do caminho. Aquele que comete a injustiça contra nós será penalizado, mas tudo isso contribuirá para alcançarmos o que Deus tem para nós no futuro. Todos os fatos da vida de José acabaram por conduzi-lo à realização dos seus sonhos. Todos aqueles males contribuíram para que José chegasse a se tornar governador do Egito.

Deus tem suas maneiras de fazer as coisas. Não vamos entendê-lo. O que nos cabe é continuarmos em nossa atitude de fidelidade ao Senhor. Ao seu tempo, Deus honrará a cada um de seus filhos. "Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido." (Gal. 6.9). "E sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus." (Rom.8.28). "Porque, para mim tenho por certo que as aflições deste mundo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada." (Rom.8.18).

Os Inimigos da Luz. (Prof. Anísio Renato de Andrade)


Disse Jesus : "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida." (João 8.12). "E a condenação é esta: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz, e não vem para a luz para que as suas obras não sejam reprovadas." (João 3.19-20).

Jesus veio ao mundo, enviado por Deus. Ele só ensinou e praticou o bem. Entretanto, foi rejeitado pela maioria dos que o conheceram. E ainda hoje, quase todas as pessoas do mundo já ouviram falar de Jesus e sabem muito a respeito dele, mas poucos são aqueles que o servem e se esforçam por viver de modo que lhe agrade. Ou seja, até hoje Jesus continua sendo rejeitado. Por quê será? Cristo veio salvar o ser humano, mas, para isso, ele mostra o pecado e exorta ao arrependimento e à conversão. Jesus é a luz que revela o erro. Suas palavras, registradas na Bíblia, trazem à tona a malignidade do pecado em suas mais sutis manifestações (Mt. 5:22,28).

Por esta causa, muitos fogem de Jesus. Isto é semelhante ao comportamento daquelas pessoas que têm pavor de médicos e dentistas. Para que a doença seja curada, precisa ser revelada, diagnosticada, tratada, e isso pode doer. O pecado é a doença da alma e Jesus é o médico que veio nos curar.

Muitos vivem fugindo da luz. É mais cômodo viver nas trevas. Qual é o atrativo da escuridão? Ela nos oculta, encobre nossos atos e, assim, parece nos proteger. O apóstolo Paulo disse que os que se embebedavam e os que roubavam, costumavam fazê-lo à noite. Logicamente, para não serem vistos. Este é o modo de vida daqueles que não têm um compromisso com Jesus. Estão nas trevas da ignorância espiritual. Pecam e rapidamente se esquecem ou nem consideram pecado o seu ato. Vivem praticando ações que, devido à sua natureza maligna, precisam ser mantidas em segredo. Apesar de saberem da existência da luz, que é Jesus, não querem nenhum compromisso com ele para que sua vida de pecado não seja censurada.

Até onde vai essa vida nas trevas? Caminhar no escuro pode até ser divertido por algum tempo. Pode ter sabor de aventura e desafio, mas o contentamento se desfaz quando a pessoa tropeça e cai. O tropeço e a queda certamente virão para aqueles que insistem em viver nas trevas do pecado (Pv.4.19). Alguém pode dizer: - "Eu estou muito bem sem Jesus." É só uma questão de tempo. Quem anda no escuro acaba tropeçando, mais cedo ou mais tarde. Como será esse tropeço? Pode ser uma doença grave, um flagrante no momento do pecado, a falência, a separação conjugal, etc. Nesse momento, alguns correm para Jesus, buscando socorro. Quantos viveram em devassidão sexual e só procuraram Jesus quando tropeçaram na aids?!

Qual será a sua atitude? Vai esperar o pior? A Bíblia diz: "Se hoje ouvirdes a sua voz , não endureçais os vossos corações." (Hb.4.7). Amanhã pode ser tarde demais.

A luz mostra o pecado. Isto não quer dizer que Jesus vai mostrar os pecados de uma pessoa para as outras. Na maioria das vezes isso não é necessário. Jesus quer mostrar o pecado para a própria pessoa. Quando nos aproximamos de Jesus, percebemos sua santidade e, ao mesmo tempo, reconhecemos nossa impureza. Nesse momento, podemos nos arrepender e pedir a Deus que nos perdoe e no dê uma vida nova, uma vida no caminho da luz.

O Fim do Mundo. (Prof. Anísio Renato de Andrade)


Se você está lendo este artigo, é porque o mundo não acabou no dia 11 de agosto de 1999. Caíram no ridículo todos os "profetas" que marcaram a data. Ainda não foi dessa vez. Mas, uma coisa é certa: o fim vem. Por quê podemos afirmar isso? Porque a Bíblia o afirma.

Agora, muita gente vai dizer que o Apocalipse é mentira. Estão misturando tudo: Nostradamus, extra-terrestres, Apocalipse, volta de Cristo, etc. Que salada, heim!!? O que Nostradamus tem a ver com Cristo? Nada. Por acaso o Apocalipse marcou o fim do mundo para 11 de agosto? Não. Então, vamos separar o trigo do joio. A mais antiga profecia sobre o fim do mundo está na Bíblia. Os outros "profetas" apenas copiam o texto bíblico, e muitas vezes o deturpam. São como ecos que transmitem de forma incerta o som original.

A palavra de Deus continua valendo. Vejamos alguns textos bíblicos sobre o assunto: Em Daniel, capítulo 12, temos uma profecia sobre o fim dos tempos. Lá está escrito a respeito de um tempo de angústia que ocorreria depois da multiplicação da ciência. Daniel profetizou também sobre a ressurreição dos mortos e o destino eterno dos salvos e dos perdidos. Tudo isso se encaixa muito bem com as palavras de Cristo no capítulo 24 do evangelho de Mateus. Os discípulos lhe perguntaram: "Mestre, que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?" (v.3). Jesus poderia ter repreendido os discípulos, dizendo que o mundo não acabaria. Pelo contrário, ele passou a descrever os sinais que precederiam o fim. Ele falou sobre a Grande Tribulação, a fome, as pestes, as guerras, os terremotos, a vinda dos falsos cristos e falsos profetas, a pregação do evangelho no mundo inteiro, sua segunda vinda, a queda das estrelas, o escurecimento do sol e o arrebatamento da igreja. Mas acrescentou: "Daquele dia e hora ninguém sabe; nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente meu Pai. Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor." (v.36,42). Então, não existe nenhum fundamento para se marcar uma data para os eventos finais.

De acordo com estudiosos do assunto, não há notícias sobre outra época em que tenha ocorrido tanta guerra e tanto terremoto quanto neste século. Haja vista as grandes guerras mundiais. A ciência se multiplicou neste século de modo assombroso. Os falsos cristos e falsos profetas estão espalhados por aí. Mas quanto falta para o fim? Só Deus sabe. Entretanto, todos esses fatos são sinais de advertência para o mundo. São as badaladas do "relógio de Deus". Pode estar faltando o cumprimento de várias profecias antes do fim. Não sabemos quantas faltam, mas podemos citar uma: a manifestação do Anticristo. Uma grande parte dos teólogos, senão a maioria, acredita que ele ainda não se manifestou. É bastante comum o entendimento de que o Anticristo será um homem com grande poder político mundial. Em um primeiro momento ele trará solução para muitos problemas econômicos e sociais do mundo. Depois, seu império se transformaria em um "inferno", com perseguição contra os cristãos e a implantação do sinal da besta. Outra profecia para os últimos dias é o arrebatamento da igreja, que será a retirada dos cristãos da terra, de modo sobrenatural e repentino. Nesse ponto as opiniões se dividem. Muitos creem que o arrebatamento acontecerá antes da manifestação do Anticristo, outros interpretam que seja depois. O fato é que sem arrebatamento e sem Anticristo não tem fim do mundo.

Quanto o Anticristo estiver no auge do seu domínio, Cristo virá nas nuvens com poder e grande glória De acordo com a interpretação milenista do Apocalipse, nesse momento acontecerá a ressurreição dos justos e começará o reino de Cristo nesta terra durante mil anos. Este é o milênio apocalíptico, após o qual ocorrerá a ressurreição dos ímpios e, a seguir, o juízo final. Então, todos irão para as suas moradas eternas, com Deus ou com o Diabo. Na seqüência da profecia de João, ele diz: "E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe." (Ap.21).

Quando a Bíblia fala sobre o "fim do mundo", está se referindo ao fim desse "sistema" atual. Será o fim da civilização humana como a conhecemos hoje. E o planeta em si? Deixará de existir? Depende de como se interpreta a frase "o primeiro céu e a primeira terra passaram". Afinal, se Deus fez, nada impede que ele destrua. O importante é que estejamos sintonizados com a vontade de Deus para que estejamos preparados para o nosso encontro com Cristo em sua segunda vinda, pois, para os salvos, isso não será o fim, mas o início de uma existência sem pecado, sem doença, sem sofrimento e sem lágrimas. Imbuídos dessa esperança, proclamemos como o apóstolo Paulo: Maranata! Ora, vem, Senhor Jesus!

12 de mar. de 2020

Sobre os Usos e Costumes. (Elias R. de Oliveira)


Vestimentas

Algumas denominações dão um valor excessivo ao chamado Uso & Costume, a ponto de excluir do rol de membros irmãos que não se enquadram na visão dos seus fundadores ou teólogos. À luz da Bíblia é impossível afirmar que a mulher ou o homem não deve usar determinada vestimenta. [A Bíblia não faz descrição do tipo de roupa que os crentes devam usar].

O homem no princípio de sua existência andava nu, Gn 2.25. As primeiras roupas que usou eram feitas de peles de animais, Gn 3.21. Subsequentemente os materiais empregados no fabrico de vestimentas eram a lã, Gn 31.19; Lv 13.47; Jó 31.20, o linho, Ex 11.31; Lv 16.4, o linho fino, Gn 41.42, e finíssimo, Lc 16.19, a seda, Ez 14.10,13; Ap 18.12, o saco de cilício, Ap 6.12, e as peles de camelo, Mt 3.4. As peças essenciais dos trajes do homem e da mulher eram duas: Uma túnica, espécie de camisa de mangas curtas, chegando até aos joelhos, Gn 37.3; 2Sm 13.18, às vezes tecida de alto a baixo e sem costura, Jo 19.23, 24, cingida por um cinto; eram iguais para ambos os sexos, a diferenciação estava no estilo e na forma de usá-las. Outra peça consistindo em um manto, Rt 3.15; 1Rs 11.30; At 9.39, feito de um pano de forma quadrada, guarnecido de fitas, Nm 15.38; Mt 23.5. Punha-se sobre o ombro esquerdo, passando uma das extremidades por cima ou por baixo do braço direito. A parte inferior do baixo manto chama-se orla, Ag 2.12; Zc 8.23. As vestes dos profetas eram de peles de ovelhas, ou de cabritos, 2Rs 1.8; Zc 3.4; Hb 11.37, e também de peles de camelo, Mt 3.4. Outra peça de roupa era às vezes usada entre a túnica e a manta, por pessoas de distinção, e oficialmente pelo sumo sacerdote, Lv 8.7; 1Sm 2.19; 18.4; 24.4; 2Sm 13.18; 1Cr 15.27; Jó 1.20. Era uma veste comprida sem mangas, apertada na cinta. Os cintos serviam para facilitar os movimentos do corpo e eram feitos de couro, linhos crus ou finos, 2 Rs 1.8; Jr 13.1; Ez 16.10, muitas vezes bem elaborados com decorações artísticas, Ex 18.39; 39.29; Dn 2.5; Ap 1.13. A espada era levada à cinta e o dinheiro também, Jz 3.16; 1Sm 25.13; Mt 10.9. Fora de casa traziam sandálias, sapato rudimentar, feitas com uma sola de madeira ou de couro, Ex 16.10, apertadas aos pés nus por meio de correias, passando pelo peito do pé e à roda dos artelhos, Gn 14.23; Is 5.27; At 12.8. O povo comum andava com a cabeça descoberta. Às vezes traziam turbantes, Jó 29.14; Is 3.20; Ez 23.20. O véu era usado pelas mulheres em presença de pessoas estranhas, Gn 24.65; Ct 5.7, se bem que muitas vezes elas saíam com as faces descobertas, Gn 24.16; 26.8.

Os santos são sensíveis à voz do Espírito Santo e antes de usar determinadas vestes, procuram conhecer a vontade de Deus. Não é conveniente ao homem usar roupas sabidamente femininas, [e as mulheres usarem as roupas masculinas. É importante observar que cada cultura tem sua distinção de roupas femininas e roupas masculinas. Saias em nossa cultura são vestimentas femininas, no entanto para os escoceses a saia chamada "Kilt" são vestimentas para os homens. Em nossa cultura como por quase todos os países as calças são vestimentas para ambos os sexos, esta peça do vestuário, é usada tanto para o masculino como para o feminino, mudando é claro, o corte e tamanho.]

As mulheres devem vestir-se com sabedoria visando apenas à edificação do próximo, jamais, despertar a sensualidade ou desejos lascivos. Vestes transparentes, decotes [muito] profundos, saias e blusas [muito] curtas, calças [muito] apertadas ( [super] justas) e toda a espécie de roupas que mostram ou marcam [muito] o corpo despertando 2 [propositalmente] a sensualidade devem ser rejeitadas. É preciso cuidado com os extremos, o uso de vestidos e saias cobrindo os tornozelos, blusas com mangas até os pulsos e golas à altura do pescoço; não é sinal de santidade, geralmente desperta a rejeição no próximo impedindo que exalemos o bom perfume de Cristo. [O uso destas roupas cumpridas (saias cobrindo os tornozelos, blusas com mangas até os pulsos e golas à altura do pescoço) é uma falsa santidade, uma devoção baseada na aparência e não nos frutos do Espírito Santo (“Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança." Gl 5.22).

O uso de roupas de "marca" ou "etiqueta" de modo geral é um canal aberto para o devorador (são caríssimas) e que desperta no coração a vaidade. [...]

"Quero também que as mulheres sejam sensatas e usem roupas decentes e simples. Que elas se enfeitem, mas não com penteados complicados, nem com jóias de ouro ou de pérolas, nem com roupas caras! Que se enfeitem com boas ações, como devem fazer as mulheres que dizem que são dedicadas a Deus!" 1 Tm 2:9,10

Jóias e Maquiagem

O uso de jóias e bijuterias não é errado, no entanto, é preciso que sejam sensatos. Os servos de Deus não deve assemelhar-se à uma "perua". A ostentação é um pecado. O uso de maquiagem não é condenado por Deus, no entanto, às mulheres precisam ser sensíveis ao Espírito e não optar por nada demasiadamente pesado. O equilibro se aplica também a esta área.

"Não procure ficar bonita usando enfeites, penteados exagerados, jóias ou vestidos caros." 1Pe 3.3

Finalizando, medite: "Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam. Ninguém busque o seu próprio interesse, e sim o de outrem." 1Co 10.23,24

Ética Eleitoral Evangélica. (Associação Evangélica Brasileira - AEVB)


1. O voto é intransferível e inegociável. Com ele o cristão expressa sua consciência como cidadão. Por isso, o voto precisa refletir a compreensão que o cristão tem de seu País e Município;

2. O cristão não deve violar a sua consciência política. Ele não deve negar sua maneira de ver a realidade social, mesmo que um líder da igreja tente conduzir o voto da comunidade numa outra direção;

3. Os pastores e líderes têm obrigação de orientar os fiéis sobre como votar com ética e com discernimento. No entanto, devem evitar transformar o processo de elucidação política num projeto de manipulação e indução político-partidário;

4. Os líderes devem ser lúcidos e democráticos. Portanto, melhor do que indicar em quem a comunidade deve votar é organizar debates multi-partidários, nos quais, simultânea ou alternadamente, os vários representantes de correntes políticas possam ser ouvidos sem pré-conceitos;

5. A diversidade social, econômica e ideológica que caracteriza a igreja evangélica no Brasil deve levar os pastores a não tentar conduzir processos político-partidários dentro da igreja, sob pena de que, em assim fazendo, eles dividam a comunidade em diversos partidos;

6. Nenhum cristão deve se sentir obrigado a votar em um candidato pelo simples fato de ele se confessar cristão evangélico. Antes disso, os evangélicos devem discernir se os candidatos ditos cristãos são pessoas lúcidas e comprometidas com as causas de justiça e da verdade. E mais: é fundamental que o candidato evangélico queria eleger para propósitos maiores do que apenas defender os interesses imediatos de um grupo religioso ou de uma denominação evangélica. É óbvio que a igreja tem interesses que passam também pela dimensão política. Todavia, é mesquinho e pequeno demais pretender eleger alguém apenas para defender interesses restritos às causas temporais da igreja. Um político evangélico tem que ser, sobretudo, um evangélico na política e não apenas um "despachante" de igreja.

7. Os fins não justificam os meios. Portanto, o eleitor não deve jamais aceitar a desculpa de que um político evangélico votou de determinada maneira, apenas porque obteve a promessa de que, em fazendo assim, ele conseguirá alguns benefícios para a igreja, sejam rádios, concessões de TV, terrenos para templos, linhas de crédito bancário, propriedades ou outros "trocos", ainda que menores. Conquanto todos assumamos que nos bastidores da política haja acordos e composições de interesse, não se pode, entretanto, admitir que tais "acertos" impliquem a prostituição da consciência de um cristão, mesmo que a "recompensa" seja, aparentemente, muito boa para a expansão da causa evangélica. Afinal, Jesus não aceitou ganhar os "reinos deste mundo" por quaisquer meios. Ele preferiu o caminho da cruz;

8. Os eleitores evangélicos devem votar, para Presidente da República sobretudo, baseados em programas de governo, e não apenas em função de "boatos" do tipo: "O candidato tal é ateu"; ou "O fulano vai fechar as igrejas"; ou: "O sicrano não vai dar nada para os evangélicos"; pi ainda: "O beltrano é bom porque dará muito para os evangélicos". É bom saber que a Constituição do país não dá a quem quer que seja o poder de limitar a liberdade religiosa de qualquer grupo. Além disso, é válido observar que aqueles que espalham tais boatos, quase sempre, têm a intenção de induzir os votos dos eleitores assustados e impressionados, na direção de um candidato com o qual estejam comprometidos;

9. Sempre que um eleitor evangélico estiver diante de um impasse do tipo: "o candidato evangélico é ótimo, mas seu partido não é o que eu gosto", é de bom alvitre que, ainda assim, se dê um "voto de confiança" a esse irmão na fé, desde que ele tenha as qualificações para o cargo. A fé deve ser prioritária às simpatias ideológico-partidárias.

10. Nenhum eleitor evangélico deve se sentir culpado por ter opinião política diferente da de seu pastor ou líder espiritual. O pastor deve ser obedecido em tudo aquilo que ele ensina sobre a Palavra de Deus, de acordo com ela. No entanto, no âmbito político, a opinião do pastor deve ser ouvida apenas como a palavra de um cidadão, e não como uma profecia divina.

7 de mar. de 2020

Hinos e Cânticos. (Bíblia de Estudo de Genebra)


“A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao SENHOR com graça em vosso coração.” Cl 3.16

Alguns ramos da fé Reformada, impacientes por proteger a Igreja de acréscimos da tradição humana, impressionados pela continuidade entre Israel e a Igreja e notando que os termos "salmos", "hinos" e "cânticos" são usados no Livro dos Salmos, creem que Paulo previu só o cântico dos Salmos do Antigo Testamento no culto público. Essa restrição, contudo, compreende mal o ensino de ensinamento de Paulo. Ele reúne os termos para realçar a ampla gama de expressão musical que o louvor a Deus agradecido e profundamente sincero suscita do Corpo de Cristo.

A palavra "salmos" se refere, no mínimo, ao uso do saltério do Antigo Testamento (Lc 20.42; 24.44; At 1.20; 13.33), mas pode também referir-se a novas composições para cultos (1 Co 14.26). A palavra espiritual (pneumatikos, no grego) qualifica o potencialmente secular termo "cântico" como sendo ensinado ou dirigido pelo Espírito Santo (cf. 1 Co 2.6; 15.44-45).

A obra redentora de Cristo provocou uma efusão de hinos de louvor por parte de seu povo, freqüentemente moldados segundo os cânticos do Antigo Testamento (p. ex., Lc 1.46- 53,67-79; 2.14,29-32). Paulo pessoalmente usou a música na sua própria adoração de culto (At 16.25), e tem sido, desde há muito, observado que suas cartas contêm porções de hinos cristãos primitivos (Ef 5.14; Fp 2.6-11; Cl 1.15-20; 1 Tm 3.16). Cânticos de louvor do Cristianismo primitivo também parecem subjazer em Jo 1.1-14; Hb 1.3; 1 Pe 1.18-21; 2.21-25; 3.18-22. Os "novos cânticos" do Apocalipse são, em si mesmos, um estudo da qualidade vibrante do culto cristão primitivo (Ap 4.8,11; 5.9-10,12-13; 7.10,12; 11.15,17-18; 12.10-12; 15.3-4; 19.1-8; 21.3-4).

A Esperança. (R. C. Sproul)


Há muitas coisas neste mundo pelas quais "esperamos". Esperamos receber um aumento salarial. Esperamos que nosso time favorito vença o campeonato. Este tipo de esperança expressa nossos desejos pessoais quanto ao futuro. Temos esperança concernente a coisas incertas. Não sabemos se nossos desejos se realizarão, mas matemos a esperança que sim.

Quando a Bíblia fala de esperança, ela tem em vista algo diferente. A esperança bíblica de uma firme convicção de que as promessas de Deus para o futuro se cumprirão. A esperança não é uma projeção de desejos, mas um certeza de que acontecerá. "A qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu." (Hb 6.19).

A esperança é colocada junto com a fé e o amor como uma das virtudes cristãs que o apóstolo Paulo apresenta em 1 Coríntios 13.13. Esperança é fé direcionada para o futuro.

A Bíblia fala da esperança de duas maneiras. O uso menos comum aponta para o objeto da nossa esperança. Cristo é a nossa esperança de vida eterna. O uso mais comum é quanto a uma atitude de certeza com respeito ao cumprimento das promessas de Deus. O cristão é chamado à esperança, isto é, para a plena certeza da ressurreição do povo de Deus e a vinda do Reino de Deus. A esperança está ligada de forma inseparável à escatologia.

Paulo lembra aos cristãos que até que o Reino venha em sua plenitude, os crentes só podem ter uma esperança assegurada; devem "andar por fé e não pelo que vemos" (2 Co 5.7). Esta esperança não é infundada. Embora vida do cristão seja marcada mais pelo sofrimento do que pelo triunfo (1 Co 4.8-13; 2 Co 4.7-18), o fundamento da esperança está na Deidade.

Primeiro, o crente olha para a morte e a ressurreição de Cristo. Sua morte representou o momento mais tenebroso para seus discípulos. O Messias prometido estava morto e seu Reino aparentemente perdido. Com a Ressurreição, o desespero transformou-se em esperança. Junto com o sofrimento, seja grande ou pequeno, a esperança do cristão deve prevalecer. Deus é sempre suficiente e fiel.

Segundo, o crente tem o Espírito Santo como penhor do Reino. Sua presença nos dá a certeza de que o reino será plenamente consumado. O Espírito não só é um sinal para a esperança, mas também o sustentáculo da esperança. Ele cumpre o papel de Consolador, cingindo o crente de esperança e força. É o Espírito que encoraja o crente a orar ao Pai: " Venha o teu Reino".

6 de mar. de 2020

O Fruto do Espírito. (R. C. Sproul)


O fruto do Espírito Santo é um dos aspectos mais negligenciados do ensino bíblico sobre santificação. Há várias razões para isso:

1. A preocupação com as coisas exteriores. Embora os estudantes muitas vezes murmurem e reclamem quando têm de fazer uma prova na escola, há um sentido em que realmente queremos fazer as provas. Sempre encontramos nas revistas modelos de testes que medem habilidades, realizações ou conhecimentos. As pessoas gostam de saber em que nível estão. Será que consegui alcançar a excelência numa certa área, ou estou afundando na mediocridade?

Os cristãos não são diferentes. Tendemos a medir nosso progresso na santificação examinando nosso desempenho de acordo com padrões externos. Proferimos maldições e palavrões? Bebemos muito? Vamos muito ao cinema? Esses padrões são freqüentemente usados para medir a espiritualidade. O verdadeiro teste — a evidência do fruto do Espírito Santo — geralmente é ignorado ou minimizado. Foi nessa armadilha que os fariseus caíram.

Nós nos afastamos do verdadeiro teste porque o fruto do Espírito é difícil demais. Exige muito mais do caráter pessoal do que os padrões exteriores superficiais. É muito mais fácil evitar falar um palavrão do que adquirir o hábito de ter uma paciência piedosa.

2. A preocupação com os dons. O mesmo Espírito Santo que nos guia na santidade e produz fruto em nós também distribui os dons espirituais aos crentes. Parecemos muito mais interessados nos dons do Espírito do que no fruto, a despeito do ensino claro da Bíblia de que alguém pode possuir dons e ser imaturo no progresso espiritual. A carta de Paulo aos Coríntios deixa isso muito claro.

3. O problema dos descrentes justos. É frustrante medirmos nosso progresso na santificação pelo fruto do Espírito Santo porque as virtudes relacionadas às vezes são exibidas num nível maior por descrentes. Todos nós conhecemos pessoas não-cristãs que demonstram mais bondade ou mansidão do que muitos cristãos. Se as pessoas podem ter o “fruto do Espírito” independentemente do Espírito, como podemos determinar nosso crescimento espiritual desta maneira?

Há uma diferença qualitativa entre as virtudes de amor, alegria, paz, longanimidade, etc., engendradas em nós pelo Espírito Santo e aquelas exibidas pelos descrentes. Os não crentes operam por motivos que, em última análise, são egoístas. Quando, porém, um crente exibe o fruto do Espírito, ele está mostrando características que, em última análise, são voltadas para Deus e para o próximo. Ser cheio do Espírito Santo significa ter uma vida controlada pelo Espírito; os não-crentes só podem exibir essas virtudes espirituais no nível da capacidade humana.

Paulo faz uma lista das virtudes do fruto do Espírito em sua carta aos Gálatas: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gálatas 5:22,23). Essas virtudes caracterizam a vida cristã. Se somos cheios do Espírito, vamos exibir o fruto do Espírito. Isso, porém, obviamente envolve tempo. Não são ajuste superficiais do caráter que ocorrem da noite para o dia. 2 Tais mudanças envolvem uma reformulação das disposições mais íntimas do coração, o que representa um processo de longa vida de santificação pelo Espírito