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1. A Bíblia não ensina a doutrina do purgatório.
O fato de que a alma dos crentes vai imediatamente para a presença de Deus significa que
não há nada semelhante a purgatório.
No ensino da Igreja Católica Romana, o purgatório é o lugar para onde a alma dos crentes
vai a fim de ser purificada do pecado, até que esteja pronta para ser admitida no céu. De
acordo com esse pensamento os sofrimentos do purgatório são dados por Deus em
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substituição à punição dos pecados que os crentes deveriam ter recebido nesta vida, mas
não receberam.
Mas essa doutrina não é ensinada na Escritura, e é de fato contrária aos versículos citados
anteriormente.A Igreja Católica Romana retirou o apoio para essa doutrina não das
páginas das Escrituras canônicas que os protestantes aceitaram desde a Reforma, mas
nos escritos apócrifos. Antes de tudo, deve ser dito que essa literatura não é igual à
Escritura em autoridade e não deve ser tomada como fonte de doutrina cheia de
autoridade. Além disso, os textos dos quais essa doutrina é derivada contradizem
afirmações claras do NT e, assim, se opõem ao ensino da Escritura. Por exemplo, o texto
primário usado nesse sentido , 2Macabeus 12.42-45, contradiz as afirmações claras da
Escritura citadas anteriormente a respeito de partir para estar com Cristo. O texto diz o
seguinte: [Depois, tendo organizado uma coleta individual, Judas Macabeus, o líder das
forças judaicas] enviou a Jerusalém cerca de duas mil dracmas de prata, a fim de que se
oferecesse um sacrifício pelo pecado: agiu assim absolutamente bem e nobremente, com
o pensamento na ressurreição. De fato, se ele não esperasse que os que haviam
sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerava
que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormecem na piedade, então
era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis por que ele mandou oferecer esse
sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, afim de que fossem absolvidos do seu
pecado.
Aqui fica claro que tanto a oração pelos mortos como fazer uma oferta a Deus para libertar
os mortos de seus pecados são práticas aprovadas. Mas isso contradiz o ensino explícito
do NT de que somente Cristo fez expiação por nós. Essa passagem em 2Macabeus é
difícil de enquadrar mesmo com o ensino católico romano, porque ele ensina que orações
e sacrifícios deviam ser oferecidos pelos soldados que haviam morrido no pecado mortal
da idolatria (que não pode ser perdoado, segundo o ensino de Roma) para possibilitar que
eles viessem a ser libertos de seu sofrimento.
Outras passagens às vezes usadas para dar suporte à doutrina do purgatório são Mateus
12.32 e 1 Coríntios 3.15. Em Mateus 12.32, Jesus diz: “Todo aquele que disser uma
palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem falar contra o Espírito Santo
não será perdoado, nem nesta era nem na que há de vir”. Ludwig Ott comenta que essa
frase “deixa aberta a possibilidade de que pecados são perdoados não somente neste
mundo, mas no mundo por vir”. Contudo, isso simplesmente é um erro de raciocínio, pois
dizer que alguma coisa não acontecerá na era por vir não implica que possa acontecer na
era por vir! O que é necessário para provar a doutrina do purgatório não é uma afirmação
negativa como essa, mas uma afirmação positiva que diga que pessoas sofrem com o
propósito de ser continuamente aperfeiçoadas até morrerem. Mas a Escritura não diz isso
em lugar algum.
Em 1 Coríntios 3.15 Paulo diz que, no diz do julgamento, a obra que uma pessoa fez será
julgada e testada pelo fogo, e então conclui: “Se o que alguém construiu se queimar, esse
sofrerá prejuízo; contudo, será salvo como alguém que escapa através do fogo”. Mas isso
não é o mesmo que falar de uma pessoa sendo queimada ou sofrendo punição, mas
simplesmente de sua obra sendo testada pelo fogo — o que é bom será igual ao ouro,
prata e pedras preciosas, que vão durar para sempre (v. 12). Além disso, o próprio Ott
admite que esse fato ocorre não durante esta era, mas durante o dia do “julgamento geral”
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, o que indica que dificilmente esse texto pode ser usado como argumento convincente
para o purgatório.
Um problema ainda mais sério com essa doutrina é que ela ensina que devemos
acrescentar alguma coisa à obra redentora de Cristo e que a sua obra redentora por nós
não foi suficiente para pagar a penalidade de todos os nossos pecados. Mas isso é
certamente contrário ao ensino da Escritura. Além disso, em sentido pastoral, a doutrina do
purgatório rouba dos crentes o grande conforto que lhes deveria pertencer por saber que
os que morreram foram imediatamente para a presença do Senhor e por saber que eles
também, quando morrerem, partirão e estarão “com Cristo, o que é muito melhor” (Fp
1.23).
2. A Bíblia não ensina a doutrina do “sono da alma”.
O fato de que a alma dos crentes vai imediatamente para a presença de Deus também
significa que a doutrina do sono da alma é incorreta. Essa doutrina ensina que, quando
morrem, os crentes entram no estado de existência inconsciente, e a próxima coisa de que
terão consciência será quando Cristo retornar e os ressuscitar para a vida eterna. Essa
doutrina nunca encontrou grande aceitação na igreja.
O suporte para esse pensamento tem sido geralmente encontrado no fato de que a
Escritura diversas vezes fala do estado dos mortos como de um sono ou de “adormecer”
(Mt 9.24; 27.52; Jo 11.11; At 7.60; 13.36; lCo 15.6,18,20,51; lTs 4.13; 5. l0). Além disso,
certas passagens parecem ensinar que os mortos não possuem existência consciente (v.
Sl 6.5; 115.17 [mas repare no v. 18!] ; Ec 9.10; Is 38.19) . Porém, quando a Escritura
apresenta a morte como sono, trata-se simplesmente de uma expressão metafórica usada
para indicar que a morte é somente temporária para os cristãos, exatamente como o sono
é temporário. Isso é claramente visto, por exemplo, quando Jesus fala com seus discípulos
a respeito da morte de Lázaro. Ele diz: “Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou até lá
para acordá-lo” (Jo 11.11). Então João explica: “Jesus tinha falado de sua [de Lázaro]
morte, mas os seus discípulos pensaram que ele estava falando simplesmente do sono.
Então lhes disse claramente: ‘Lázaro morreu”'(Jo 11.13,14). As outras passagens que
falam a respeito de pessoas dormindo quando morrem devem ser também interpretadas
como simplesmente uma expressão metafórica para ensinar que a morte é temporária.
Com respeito às passagens que indicam que os mortos não louvam a Deus ou que há uma
cessação de atividade consciente quando as pessoas morrem, devem ser todas
entendidas da perspectiva da vida neste mundo. De nossa perspectiva, parece que, uma
vez que as pessoas morrem, elas não se dedicam nunca mais a essas atividades... Mas o
salmo 115 apresenta uma perspectiva plenamente bíblica desse ponto de vista. Ele diz:
“Os mortos não louvam o SENHOR, tampouco nenhum dos que descem ao silêncio”(v.
17). Todavia, ele prossegue no próximo versículo com um contraste, demonstrando que os
que creem em Deus bendirão o Senhor para sempre: “ Mas nós bendiremos O SENHOR,
desde agora e para sempre! Aleluia!” (v. 18).
Em última análise, as passagens citadas demonstrando que a alma dos crentes vai
imediatamente para a presença de Deus e desfruta comunhão com ele ali (2Co 5.8; Fp
1.23; Lc 23.43; Hb 12.23) indicam, todas elas, que há para o crente existência consciente e
comunhão com Deus imediatamente após a morte. Jesus não disse: “Hoje você não terá
mais consciência de qualquer coisa que está por acontecer”, e sim: “Hoje você estará
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comigo no paraíso” (Lc 23.43). Certamente a concepção de paraíso entendida naquela
época não era a de existência inconsciente, mas de grande bênção e alegria na presença
de Deus. Paulo não diz: “Desejo partir e ficar inconsciente por um longo período de tempo”,
mas antes “desejo partir e estar com Cristo” (Fp 1.23). Ele certamente sabia que Cristo não
estava inconsciente, o Salvador adormecido, mas o Salvador que estava vivo e reinando
no céu. Estar com Cristo significava desfrutar a bênção da comunhão da sua presença, e
essa é a razão por que partir e estar com Cristo era “muito melhor” (Fp 1.23). Assim, ele
diz: “Temos, pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor”
(2Co 5.8).
3. Devemos orar pelos mortos?
Finalmente, o fato de que a alma dos crentes vai imediatamente para a presença de Deus
significa que nós não devemos orar pelos mortos. Embora a oração pelos mortos seja
ensinada em 2Macabeus 12.42-45 (v. anteriormente), em lugar algum da Escritura isso é
ensinado.Além disso, não há indicação alguma de que essa tenha sido a prática dos
cristãos no tempo do NT, nem deveria ter sido. Uma vez que os crentes morrem, entram
na presença de Deus e ficam no estado de alegria perfeita com ele. Que bom não ter de
orar por eles nunca mais! A recompensa celeste final será baseada em atos praticados
nesta vida, como a Escritura repetidamente testifica (1 Co 3.12-15; 2Co 5.10; ect.) .
Ademais, a alma dos descrentes que morrem vai para o lugar de punição e de eterna
separação da presença de Deus. Não seria bom orar por eles também, visto que o destino
final deles é estabelecido por seus pecados e por sua rebelião [Em outros dois usos do NT,
a palavra paraíso significa ”céu”. Em 2Coríntios 12.4 é o lugar ao qual Paulo foi arrebatado
em sua revelação do céu, e em Apocalipse 2.7 é o lugar onde encontramos a árvore da
vida.] contra Deus nesta vida. Orar pelos mortos, portanto, é simplesmente orar por algo
que Deus nos disse que já foi decidido. Além disso, ensinar que devemos orar pelos
mortos ou incentivar outros a fazer isso seria encorajar a falsa esperança de que o destino
das pessoas pode ser mudado após a morte delas, algo que a Escritura não nos orienta a
fazer em lugar algum.
4. A alma dos descrentes vai imediatamente para a punição eterna.
A Escritura nunca nos encoraja a pensar que as pessoas terão outra oportunidade de
confiar em Cristo após a morte. De fato, trata-se exatamente do contrário. A parábola de
Jesus a respeito do rico e de Lázaro não dá esperança alguma de que as pessoas possam
passar do inferno para o céu após terem morrido. Embora o rico no inferno tivesse gritado :
“Pai Abraão, tem misericórdia de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo na água
e refresque a minha língua, porque estou sofrendo muito neste fogo”, Abraão lhe
respondeu: “entre vocês e nós há um grande abismo, de forma que os que desejam passar
do nosso lado para o seu, ou do seu lado para o nosso, não conseguem”(Lc 16.24-26).
O livro de Hebreus associa a morte com a conseqüência do julgamento em uma seqüência
imediata: “Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois
disso enfrentar o juízo” (Hb 9.27). Além disso, a Escritura nunca apresenta o juízo final
como dependente de qualquer coisa feita após a nossa morte, mas dependendo somente
do que aconteceu nesta vida (Mt 25.31-46; Rm 2.5-10; cf. 2Co 5. 10) . Alguns argumentam
a favor de outra oportunidade para se crer no evangelho com base na pregação de Cristo
aos espíritos em prisão em 1 Pedro 3.18-20 e na pregação do evangelho “a mortos” em 1
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Pedro 4.6 , mas essas são interpretações inadequadas dos versículos em questão e, numa
análise mais precisa, não dão apoio a tal pensamento.
Devemos também perceber que a idéia de que haverá outra oportunidade de aceitar Cristo
após a morte é baseada na suposição de que cada pessoa merece uma oportunidade para
aceitar Cristo e que a punição eterna vem aos que conscientemente decidem rejeitá-lo.
Mas certamente essa idéia não tem o apoio da Escritura; todos nós somos pecadores por
natureza e escolha, e realmente ninguém merece nenhuma graça de Deus nem nenhuma
oportunidade de ouvir o evangelho de Cristo — que vêm ao homem somente por causa do
favor imerecido de Deus. A condenação vem não somente por causa da rejeição
deliberada de Cristo, mas também por causa dos pecados que todos cometemos e da
rebelião contra Deus que esses pecados representam (v. Jo 3.18)
Embora os descrentes passem para o estado de punição eterna imediatamente após a
morte, o corpo deles não será ressuscitado até o dia do juízo. Naquele dia, o corpo de
cada um será ressuscitado e reunido à alma, e comparecerão perante o trono de Deus
para o juízo final que vai ser pronunciado sobre eles, incluindo o corpo (v. Mt 25.31-46; Jo
5.28,29; At 24.15; Ap 20.12,1 5) . Isso nos conduz à consideração da ressurreição do
corpo do crente, que é o passo final de sua redenção.
5. Glorificação
Como foi mencionado anteriormente, Deus não deixará nosso corpo morto na sepultura
para sempre. Quando Cristo nos redimiu, ele não redimiu apenas nosso espírito (ou alma)
— ele nos redimiu como pessoas completas, e isso inclui a redenção de nosso corpo.
Portanto, a aplicação da obra redentora de Cristo a nós não será completa até que nosso
corpo seja inteiramente liberto dos efeitos da queda e trazido ao estado de perfeição para
o qual Deus o criou. De fato, a redenção de nosso corpo ocorrerá somente quando Cristo
retornar e ressuscitá-lo dentre os mortos. Mas, no tempo presente, Paulo diz que
esperamos pela “redenção do nosso corpo” e então acrescenta: “Pois nessa esperança
fomos salvos” (Rm 8.23,24). O estágio da aplicação da redenção em que receberemos por
fim o corpo ressuscitado é chamado de glorificação. Referindo-se àquele dia futuro, Paulo
diz que participaremos da glória de Cristo (cf. Rm 8.17) . Além disso, quando Paulo traça
os passos na aplicação da redenção, o último que menciona é a glorificação: “E aos que
predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou,
também glorificou” (Rm 8.30).
Podemos definir glorificação da seguinte maneira: A glorificação é o passo final na
aplicação da redenção. Ela acontecerá quando Cristo retornar e ressuscitar dentre os
mortos os corpos de todos os crentes de todas as épocas que morreram e reuni-los às
respectivas almas, e mudar os corpos de todos os crentes que permanecerem vivos,
dando assim a todos os crentes ao mesmo tempo um corpo ressuscitado perfeito igual ao
seu.
A passagem mais importante do NT para a glorificação ou ressurreição do corpo é
l Coríntios 15.12-58. Paulo diz : [...] em Cristo todos serão vivificados . Mas cada um por
sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem (v. 22,23). Paulo
discute a natureza da ressurreição do corpo em alguns detalhes nos versículos 35-50 , e a
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seguir conclui a passagem dizendo que nem todos os cristãos morrerão, mas alguns que
permanecerem vivos quando Cristo retornar simplesmente terão seu corpo
instantaneamente transformado em um novo corpo ressurreto, que nunca irá envelhecer,
enfraquecer ou morrer: “Eis que eu lhes digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas
todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da
última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós
seremos transformados” (lCo 15.51,52).
Posteriormente Paulo explica em l Tessalonicenses que a alma dos que morreram e foram
estar com Cristo voltará e se unirá ao corpo naquele dia, pois Cristo a trará consigo :”Se
cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trará, mediante Jesus e
com ele, aqueles que nele dormiram” (lTs 4.14). Mas aqui Paulo não somente afirma que
Deus trará mediante Jesus os que morreram; ele também afirma que “ os mortos em Cristo
ressuscitarão primeiro” (lTs 4.16). Assim, esses crentes que morreram com Cristo também
ressuscitarão para se encontrar com ele (Paulo diz no v. 17 que “nós, os que estivermos
vivos seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos
ares”). Isso somente faz sentido se diz respeito à alma dos crentes que partiram para a
presença de Cristo e que retornam com ele, e se é o corpo deles que é ressuscitado dentre
os mortos para ser reunido à sua alma e, então, ascender para estar com ele.
6. Com que se assemelhará o corpo ressurreto?
Se Cristo vai ressuscitar o nosso corpo dentre os mortos quando retornar e se nosso corpo
será igual ao seu corpo ressurreto (1 Co 15.20,23,49; Fp 3.21), então a que se
assemelhará nosso corpo?
Usando o exemplo de lançar a semente no solo e então aguardá-la crescer e se tornar
algo muito mais maravilhoso, Paulo passa a explicar em detalhes com o que nosso corpo
será parecido: “Assim será a ressurreição dos mortos. O corpo que é semeado é perecível
e ressuscita imperecível; é semeado em desonra e ressuscita em glória; é semeado em
fraqueza e ressuscita em poder; é semeado um corpo natural e ressuscita um corpo
espiritual. [...] Assim como tivemos a imagem do homem terreno, teremos também a
imagem do homem celestial” (lCo 15.42-44,49).
Paulo primeiro afirma que nosso corpo ressuscitado será “imperecível”. Isso significa que
ele não se desgastará nem envelhecerá, nem mesmo estará sujeito a qualquer espécie de
doença ou enfermidade. Ele será completamente sadio e forte para sempre.Além disso, já
que o processo gradual de envelhecimento é parte do processo pelo qual nosso corpo está
agora sujeito à perecibilidade, é apropriado pensar que nosso corpo ressuscitado não
apresentará qualquer sinal de envelhecimento, antes terá as características da juventude
mas ao mesmo tempo de masculinidade ou feminilidade madura para sempre. Não haverá
qualquer evidência de doença ou dano, pois todos se tornarão perfeitos. Nosso corpo
ressuscitado evidenciará o cumprimento da sabedoria perfeita de Deus em nos criar como
seres humanos que são a coroa da sua criação e os portadores apropriados de sua
imagem e semelhança. No corpo ressuscitado claramente veremos a humanidade como
Deus pretendeu que fosse.
Paulo também diz que nosso corpo será ressuscitado “em glória”. Quando esse termo é
contrastado com “desonra”, como é aqui, há uma insinuação da beleza ou da atração que
nosso corpo exercerá. Ele não mais será ”desonrável” ou desprovido de atração, mas
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parecerá “glorioso” em sua beleza. Ele pode até possuir um fulgor radiante em si mesmo
(v. Dn 12.3; Mt 13.43).
Nosso corpo também será ressuscitado “em poder” (lCo 15.43). Isso contrasta com a
“fraqueza” que vemos em nosso corpo agora. Nosso corpo ressurreto não será somente
livre das doenças e do envelhecimento, também receberá plenitude de força e poder —
não um poder infinito como o de Deus, naturalmente, e provavelmente nada que se
assemelhe a um poder “super-humano” no sentido dos super-heróis da moderna literatura
de ficção para crianças, por exemplo; mas ele terá mesmo assim a força e o poder
humanos de maneira completa e plena, a força que Deus pretendeu que os seres
humanos tivessem em seu corpo quando originariamente os criou. Portanto, ele terá força
suficiente para fazer tudo o que desejarmos e que estiver de conformidade com a vontade
de Deus.
Por último, Paulo diz que o corpo ressuscitado é um “corpo espiritual” (lCo 15.44). Nas
cartas paulinas, a palavra “espiritual” (gr., pneumatikos) nunca significa “não-físico”, e sim
“consistente com o caráter e a atividade do Espírito Santo” (v.,p.ex.,Rm 1.11; 7.14; lCo
2.13,15; 3.1; 14.37; Gl 6.1 [“vocês, que são espirituais”]; Ef 5.19). Por isso, a expressão
“corpo material” (encontrada em algumas traduções) é inadequada, pois em contraste com
“corpo espiritual”, o fato de o sinal dos cravos permanece nas mãos de Jesus é um caso
especial para nos fazer lembrar do preço que foi pago por nossa redenção, não deve ser
entendido que quaisquer marcas ou lesões permanecerão em nós, daria a entender que
“corpo espiritual” é um corpo não-físico, imaterial. Em vez de “corpo material”, a tradução
melhor seria “corpo natural”. A seguinte paráfrase é esclarecedora: “É semeado um corpo
natural [isto é, sujeito às características e aos desejos desta era, dominado por sua
vontade pecaminosa] e ressuscita um corpo espiritual [isto é, integralmente sujeito à
vontade do Espírito Santo e suscetível à orientação dele] ”. Não se trata de um corpo “não físico”, mas de um corpo físico ressuscitado e elevado ao grau de perfeição que
originariamente Deus pretendeu que tivéssemos. Os exemplos repetidos em que Jesus
demonstrou aos discípulos que ele tinha um corpo físico que era capaz de ser tocado, que
possuía carne e OSSOS (Lc 24.39) e que poderia comer mostram que o corpo de Jesus,
que é modelo para o nosso, era claramente um corpo físico que havia se tornado perfeito.
Para concluir, quando Cristo retornar, ele nos dará novos corpos para que sejam iguais ao
seu corpo ressurreto: “... sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a
ele, pois o veremos como ele é” (lJo 3.2; essa afirmação é verdadeira não somente no
sentido ético, mas também em termos de nosso corpo físico; cf. 1 Co 15.49; tb. Rm 8.29).
Tal segurança proporciona a afirmação clara de que a criação física de Deus é boa.
Viveremos nos corpos que terão todas as qualidades excelentes que Deus criou para que
as tivéssemos e, assim, para sempre seremos prova viva da sabedoria de Deus em fazer
tudo na criação material, desde o princípio, “muito bom” (Gn 1.31). Viveremos como
crentes ressuscitados no novo corpo,e ele será adequado para a nossa habitação nos
“novos céus e nova terra, onde habita a justiça” (2Pe 3.13).