28 de fev. de 2020

Objetivos e planos. (Prof. Anísio Renato de Andrade)


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NECESSIDADES E SONHOS

Temos muitas necessidades e sonhos. Sejam naturais, espirituais, profissionais, familiares, e outros. O que fazer com tudo isso? Vamos assentar e esperar que tudo aconteça? De modo nenhum. Depois de verificarmos sua legitimidade, precisamos transformá-los em alvos, em objetivos. E depois? Identificado o objetivo, precisamos fazer um planejamento. Em todo início de ano, os sonhos vêm à tona. Mas, se não forem transformados em objetivos, seguidos do processo de concretização, acabarão se desvanecendo.


A necessidade - aquilo que você precisa.
O sonho - aquilo que você deseja (pode coincidir com a necessidade).
Análise de legitimidade - por quê você quer aquilo? para quê? Quais serão as consequências?
Análise de viabilidade - como o sonho se encaixa no contexto de sua vida? Qual será o preço a ser pago? Qual será o benefício? Vale a pena lutar por isso?
O objetivo - aquilo que você decide conquistar ou realizar.
O plano - definição das medidas necessárias para realização do objetivo: como, quando, onde, com quê, com quem.




PLANOS E RECURSOS

Antes de tudo, será importante prever o tipo e a quantidade de recursos necessários para a realização do projeto. Jesus disse que, se alguém quer construir uma torre (objetivo), precisa se assentar, antes de começar, para fazer as contas para ver se tem o dinheiro (recurso) necessário para concluir a obra (Lc.14.28). Se alguém quer fazer um bolo (objetivo), precisa verificar quais são os ingredientes (recursos) necessários e se os possui em quantidade suficiente. Só consigo imaginar duas formas de se evitar esse processo: ganhando tudo pronto de presente ou então roubando, o que não é aconselhável.

Talvez, depois de feitas as contas, pode-se concluir que o objetivo é inviável. Não existem recursos nem forma de obtê-lo. Não temos tempo a perder com sonhos impossíveis, mas nem sempre é este o caso. Talvez não tenhamos os recursos, mas, dependendo do caso, do tipo e da quantidade, eles poderão ser conseguidos de alguma forma. Algumas pessoas já receberam de seus pais grande quantidade de recursos materiais. Teoricamente, poderão ir mais longe do que aquelas que precisam ainda consegui-los. Contudo, Deus nos deu capacidade, inteligência, saúde, força e criatividade para realizarmos muito. Se os recursos não existem, será necessário um planejamento especial para sua obtenção. Por exemplo, seu sonho é um carro, mas você não tem dinheiro. Então, existe um ou mais objetivos que precisam ser alcançados antes do veículo. Você precisa de um bom emprego e, antes disso, de algum nível de formação escolar.

Portanto, até entre objetivos possíveis existe uma ordem de dependência e prioridade. Normalmente, os nossos alvos são como degraus de uma escada. Precisamos subi-los, um de cada vez. Pular entre eles pode dar certo, mas o risco de uma queda vergonhosa é muito grande (Pv.21.5).

Esse tipo de reflexão é útil para todos, mas principalmente para os mais jovens. É bom que você saiba organizar seus objetivos de modo sensato.

EXECUÇÃO E INVESTIMENTO

Considerando que temos em mente objetivos viáveis e todos os recursos necessários, precisamos providenciar a execução dos planos e o investimento dos recursos. Planos que não saem do papel acabam sendo comidos pelas traças. Recursos que não são utilizados acabam sendo perdidos. Isso parece até uma lei ou um princípio. Se, ao invés de fazer o bolo, você guardar os ingredientes por tempo indeterminado, eles serão comidos por "alguém". Não perca o "prazo de validade" dos recursos que Deus lhe deu. Não espere Jesus voltar para pregar o evangelho, fazer o bem ao próximo ou buscar sua realização pessoal.

Podemos ver os recursos como sementes. Você percebe o potencial que existe numa simples semente? Mas tudo depende do quê vai-se fazer com ela. Você pode guardar. Isso é perigoso, dependendo do tempo. Pode comer. Isso é legítimo e correto, mas quem come todas as sementes hoje, não terá uma colheita amanhã. Você pode usar todos os seus recursos consigo mesmo. Isso é egoísmo. Você pode compartilhá-los. Isso é amor. Você pode aplicar tudo num lugar só. Isso é alto risco. Você pode diversificar seu investimento. Isso é sabedoria. Você pode lançá-la em qualquer terreno. Isso é prejuízo. Pode lançá-la numa boa terra. Isso é retorno garantido.


Nós, cristãos, aprendemos a orar pedindo a Deus aquilo que precisamos. Contudo, muitas vezes a oração se torna um meio de substituir a ação. Não deveria ser assim. Precisamos orar e agir. Moisés clamou a Deus diante do Mar Vermelho. O Senhor lhe respondeu: "Por quê clamas a mim? Diga aos filhos de Israel que marchem." (Êx.14.15). Naquele episódio, o povo já sabia o que fazer. Quando não sabemos, precisamos orar. Depois, devemos agir.

Dependendo do grau de complexidade, o plano poderá estar dividido em metas. A solução fica mais fácil, se o problema puder ser dividido. As metas poderão estar divididas em tarefas ou etapas, e cada uma delas deverá ter um prazo determinado para sua execução, e a especificação do resultado esperado.

Por exemplo, se o meu sonho é passar o próximo reveillon em Israel, então eu preciso decidir que vou realizá-lo. Assim, o sonho se torna um objetivo. Em seguida, preciso identificar os recursos: basicamente, dinheiro e passaporte. Supondo que tenho tudo isso, posso fazer o plano, que se divide nas seguintes metas: 1-Marcar férias para o período. 2-Obter visto no consulado israelense. 3-Fazer reserva no hotel. 4-Comprar a passagem. 5-Preparar a bagagem. 6-Viajar. Cada uma dessas metas, pode ser divida em várias tarefas.

Para se executar qualquer plano, é necessário que se tenha disciplina. Não deixe para amanhã o que precisa ser feito hoje. Se você está no caminho para o seu objetivo, não pare no meio da jornada. Não deixe que outros objetivos venham desviá-lo da rota, a não ser que sejam realmente prioritários. Então, talvez seja o caso de abandonar o alvo inicial. Esse tipo de situação pode indicar que houve um erro na fase de planejamento.

Alguns sonhos são individuais. Outros são coletivos ou dependem da ação de outras pessoas. Então a situação fica mais difícil. Um sonho que se realiza em grupo pode ter uma quantidade de recursos disponíveis mais abundante. Porém, a disciplina necessária será muito maior e dificil de ser mantida. É muito mais fácil ser campeão de natação numa olimpíada do que ser campeão de futebol. Conseguir um grupo disciplinado, talentoso e eficiente é algo muito difícil. No entanto, não é impossível.

O OBJETIVO DE JESUS CRISTO

Por falar em grupo, lembremo-nos do objetivo de Jesus: ter uma igreja, santa, pura, sem mácula. A igreja não apareceria do nada. Ele precisaria edificá-la (Mat.16.16). Para isso, ele fez um plano e aplicou muitos recursos. Jesus veio ao mundo, cresceu, foi batizado, suportou a tentação, escolheu seus discípulos, deu-lhes ensinamento, treinamento e uma missão, morreu na cruz, ressuscitou, subiu ao céu e enviou o Espírito Santo. Quais foram os recursos utilizados? Em primeiro lugar, sua vida, seu sangue, seu Espírito. Em segundo lugar, os próprios discípulos são recursos que o Senhor usou. Afinal, nós também somos. E a concretização do seu plano ainda não terminou. Até agora, o Senhor teve muitos resultados parciais. Porém, em sua segunda vinda, o Senhor verá sua noiva madura e preparada. "Verá o fruto do trabalho de sua alma e ficará satisfeito." (Is.53.11).

Poderíamos ainda mencionar o objetivo de Deus para Israel no tempo de Moisés: a terra de Canaã. Os recursos materiais foram obtidos ainda no Egito. Outros recursos só poderiam vir de forma sobrenatural: nuvem durante o dia e coluna de fogo à noite; água da rocha e maná. Quando se caminha com Deus, buscando a execução dos propósitos dele, os recursos vêm. Nada nos faltará (Lc.22.35).

O TEMPO CERTO

É bom lembrarmos o que disse Salomão: existe um tempo determinado para todo propósito debaixo do céu (Ec.3.1) (Veja também Gn.18.14; 21.2; 29.21). Nosso tempo de vida é a base de toda análise. Não sabemos quanto tempo ainda nos resta, mas pelo média geral e pelo tempo que passou, podemos ter uma ideia razoável, ainda que incerta. Aos 80 anos de idade não adianta alguém querer ser campeão olímpico. "Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios." (Salmo 90.12). Identificar o tempo certo para cada propósito é um desafio muito grande. Por isso, a bíblia mostra que tal discernimento é uma habilidade dos sábios (Ec.8.5; Ester 1.13). Peçamos então que Deus nos dê tal sabedoria (Tg.1.5) para que tenhamos bons objetivos e façamos bons planos e consigamos executá-los. Que possamos edificar uma casa e habitar nela, plantar uma vinha e comer do seu fruto (cf. Jr.29.28).

Contudo, a bíblia nos ensina que todo tempo é adequado para se praticar a justiça, para se fazer o bem, para se reconciliar com Deus, orar, pregar a sua palavra e fazer sua vontade (Dt.6.24; Ec.9.8; II Cor.6.2; Heb.3.15; II Tm.4.2; I Tss.5.17). Adiar tais objetivos é seguir as artimanhas do inimigo (Ag.1.2-6).

DEPENDÊNCIA DE DEUS

O lavrador pode ter as sementes, pode abrir a terra e semear. Porém, ele não pode fazer chover. Em princípio, existe um tempo certo para as chuvas. É necessário então que se conheçam os tempos. Identifique o tempo certo e aproveite-o (Êx.34.21; Pv.10.5; 20.4). Em casos extremos, até a sabedoria pode ser inútil (Ec.7.7). Sabe-se o tempo da chuva, mas não chove. Então, nota-se o qual dependentes somos de Deus; o quanto precisamos orar para que ele nos abençoe. Mas lembre-se: orar e agir.

Por melhores que sejam os nossos objetivos e planos, muitas coisas estão fora do nosso alcance. Por isso, esse tema não se restringe ao âmbito do domínio humano. Precisamos orar para que Deus mude situações que não podemos mudar. Muitos objetivos na vida dependem de uma oportunidade que talvez não possamos criar. Oremos a Deus para que possamos ver as boas oportunidades e recusar as falsas. No Éden, Eva aceitou uma objetivo proposto: ser como Deus. Porém, era uma falsa oportunidade. No deserto, Jesus também ouviu várias propostas do inimigo, mas não aceitou nenhuma delas. Tais situações são armadilhas disfarçadas de oportunidades. Não devemos fazer do pecado nosso objetivo pois o investimento exigido é a própria alma. (Salmo 52.2; 64.6)

ONDE ESTÁ O LIMITE?

Todo objetivo vale a pena? Primeiro buscamos garantir nossa sobrevivência e segurança. Depois começamos a almejar muito mais. Depois do suprimento queremos o conforto. Depois do conforto, o luxo. Muitos chegam ao ponto de abrir mão de valores morais para alcançarem o que lhes parece ser um patamar mais alto na vida. Será que estamos buscando o "ser como Deus"? Cada um precisa manter sob controle sua própria ambição. Uma forma de se fazer isso é apegando-se a valores espirituais e buscando o bem do próximo. A doação é um exercício de domínio próprio, é um freio que se impõe ao egoísmo. Busque seus objetivos mas ajude também o seu próximo a alcançar os dele.

EXCESSO DE ALVOS

Outro problema que precisa ser avaliado é o excesso de alvos ou a incompatibilidade entre eles. O ser humano vive perseguindo objetivos diversos. Será que os alcançará? Será que eu e você alcançaremos nossos objetivos? Somos como caçadores que vivem correndo atrás de suas presas. Se quisermos perseguir muitas caças ao mesmo tempo, poderemos perdê-las todas.

Identifique seus objetivos. Coloque-os em ordem de prioridade. Faça planos, ore e trabalhe. Que Deus o abençoe.


"O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa vem do Senhor." (Pv.16.1)