15 de out. de 2018

O altar de Deus. (por Felipe Azevedo)

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''Então haverá um lugar que escolherá o Senhor vosso Deus para ali fazer habitar o seu nome; ali trareis tudo o que vos ordeno; os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta alçada da vossa mão, e toda a escolha dos vossos votos que votardes ao Senhor...Guarda-te, que não ofereças os teus holocaustos em todo lugar que vires;'' (Deuteronômio 12:11,13)

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O presente texto tem como pano de fundo os últimos dias de Moisés sobre a terra, bem como líder da nação de Israel. O livro de Deuteronômio contêm as últimas palavras deste que foi um dos maiores nomes da literatura judaica, escolhido por Deus para uma missão singular - a de conduzir o povo eleito de Deus para fora do Egito, onde era submetido à escravidão. Agora, perto de entrar para a terra que Deus os havia prometido, Moisés passa a lhes relembrar as leis e mandamentos pelos quais o povo deveria se conduzir diante de Deus na terra que habitariam.
 Estas leis tem muito a nos dizer e ensinar por serem a Palavra viva e eficaz de Deus, visto que ''toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa'' (2 Timóteo 3:16) não podemos simplesmente cair em extremos como: ''O velho testamento não tem mais validade na nova aliança'', ou ''a lei teve sua consumação em Cristo, portanto é inapropriada'' e etc. Tais frases contem alguma verdade, mas não ''toda'' a verdade, é preciso cautela quando vamos fazer afirmações inflexíveis e dogmáticas, não que a doutrina Cristã não possua dogmas ou verdades absolutas, mas porque devemos ter bases suficientes para discernir o que é dogmático e absoluto e o que não é. Digo isso porque já escrevi outros artigos neste blog usando passagens do VT para ilustrar verdades espirituais concernentes à nova aliança, portanto, acredito que este é um exemplo de uso válido do VT para nossos dias.
 Nesta oportunidade quero mais uma vez utilizar uma passagem veterotestamentária para ilustrar uma verdade espiritual fundamental na fé cristã. O texto, como disse no início, era uma recapitulação dos mandamentos ao povo, e este em particular na nossa reflexão, destaca um fundamental princípio ao povo daqueles dias e a nós: Só há um altar onde Deus recebe nossas ofertas. Isto significa que Deus tem o Seu próprio altar, e é somente sobre este que as ofertas são válidas.
 Partindo deste princípio quero fazer algumas aplicações para nós.
 Em primeiro lugar, o altar de bronze ou do holocausto representa a ''cruz de Cristo''. Só existia ''um'' altar em todo o Israel para sacrificar a Deus, e este fato ia de encontro direto ao paganismo daqueles dias praticado pelas nações que ali habitavam. Os pagãos tinham altares espalhados por todo território, visto que cada deus tinha o seu altar, as pessoas sacrificavam aos seus deuses, ídolos, quando e onde queriam, os cultos envolviam prostituição, orgias e as ofertas eram variadas, podendo ser até seus próprios filhos! (Cap. 12:31) Mas com Deus não era assim, as ofertas eram específicas e os sacrifícios eram ordenados e sagrados. Cada sacrifício representa uma faceta do ministério e da natureza de Cristo, e o altar representa o lugar em que Deus perdoa o homem - a cruz - visto que ali Cristo morre em seu lugar, levando a culpa pelo pecado em lugar do pecador. Desta forma, não é em qualquer lugar ou ''altar'' que podemos nos achegar a Deus, mas somente ao altar por Ele mesmo escolhido e consagrado - Cristo e este crucificado!
''E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.'' (João 3:14-15)
''E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. E dizia isto, significando de que morte havia de morrer.'' (João 12:32-33)
 Em segundo lugar, as ofertas de gratidão e louvor da mesma forma era aceitas somente no altar de Deus. Ou seja, não somente o perdão pleno e aceitável se acha em Cristo, bem como a verdadeira e aceitável adoração e gratidão a Deus. Nenhum bem humano será de qualquer valor a Deus se não passar por Cristo Jesus e seu sacrifício, e talvez este seja o fato que mais faça ranger os dentes do incrédulo. O altar de Deus era o que santificava a oferta, assim como o sacrifício expiatório de Jesus torna aceitável e agradável a Deus nossas obras. Que verdade extraordinária! O Deus infinito e eterno pode se agradar de algo trazido das mãos de homens? E ainda homens falhos e fracos? Sim, mas não com base na oferta e no ofertante humano, e sim com base na oferta e no ofertante Divino representado no altar, que santifica o homem que vem a Ele!
''Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.'' (Romanos 12:1)
''Mas bastante tenho recebido, e tenho em abundancia: cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que de vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus.'' (Filipenses 4:18)





13 de out. de 2018

A parábola do semeador. (por Felipe Azevedo)




''E falou-lhes de muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na; e outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra profunda; mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz. E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na. E outra caiu em boa terram e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.'' (Mateus 13:3-9)

Nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), uma parte considerável dos ensinamentos de Jesus foi através de parábolas. A parábola era um recurso didático comum na época, e literalmente significa ''por ao lado de'' ou ''em comparação à'', como a expressão usada no início de muitas delas indica:
''O reino dos céus é semelhante...'' (Mt 13:24, 31, 33, 44 etc)
 A parábola que iremos estudar nesta oportunidade - do semeador - tem uma importância singular entre as demais pregadas por Jesus, por que, segundo o Mestre, o entendimento dela servirá para compreender as outras, ou seja, ela é como uma espécie de fundamento das parábolas. O evangelho segundo escreveu Marcos é quem revela esta verdade:
''E disse-lhes: Não percebeis esta parábola? Como pois entenderei todas as parábolas?'' (Marcos 4:13)
 Dito isso, vamos aos elementos desta parábola tão importante e suas explicações dadas por Cristo na sequência, em particular aos discípulos.

 Esta parábola têm como objetivo principal, revelar os tipos de pessoas e corações - os tipos de solo - e a relação com o recebimento da Palavra de Deus - a semente. Assim, em primeiro lugar vemos que a disposição humana em receber a Palavra é de importância fundamental para que o evangelho produza os frutos da graça de Deus no homem. Temos aqui uma revelação muito importante sobre o grande mistério da salvação, que envolve a soberana vontade de Deus e a participação humana. 

Há uma discussão profunda e antiga entre teólogos de diferentes vertentes sobre como e quem será salvo, e não tenho conhecimento suficiente para tratar profundamente deste assunto, mas segundo entendo, nesta parábola, o que Jesus ensina claramente é: existe a participação do homem, seja na salvação, seja na perdição. Não creio, porém, que essa participação na salvação seja meritória, ou seja, por uma suposta piedade praticada ou vivida pelo homem que mereça o favor divino, até porque escrevi em outros artigos neste blog que esta doutrina é contrária às Escrituras - herética. Tudo é fruto da graça, inclusive a pré-condição para receber a Palavra, e esta graça pode ser rejeitada ou resistida pelo homem, amando ele mais as trevas do que a luz, o pecado mais do que a Deus. Tais homens rejeitam todo convite de Deus para vir a Cristo e serem salvos, e por isso são culpados.

O solo à beira do caminho. Este tipo de solo tipifica o coração ''duro'', visto que este era o solo pisoteado em todo o tempo, compacto, e a semente não penetrava no mesmo, ficando exposta. Este solo ao ''pé do caminho'', não era apto porque não foi ''arado'' para ser semeado. Os coração duros ouvem a Palavra de mau grado, indispostos a crerem antes de ouvirem, com suas mentes presas por pré-conceitos sobre Deus, Jesus e o Evangelho. Estes tem suas próprias verdades e crenças como um tesouro inestimável, e assim o diabo com facilidade arrebata a Palavra dos seus corações. A fé é o elemento principal que o coração deve abrigar para que a Palavra possa crescer e frutificar:
''Porque também a nós foram pregadas as boas novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram.'' (Hebreus 4:2)
''Ora, sem fé é impossível agradar a Deus;'' (Hebreus 11:6a) 
 O solo entre pedregais. Este tipifica o coração superficial, raso, e que segundo Jesus: ''não tem raiz em si mesmo'', isto é, não cria raízes na Palavra. Este grupo tem a disposição inicial em receber o evangelho, mas provam posteriormente que tudo não passou de um entusiasmo emocional, que não foi uma experiência genuinamente espiritual e profunda. 

Os sinais que acompanham a pregação do evangelho geralmente arrebatam multidões, e muitos até confessam que Cristo é o Senhor diante dos sinas, mas a genuína vida que Deus produz no homem perdura por toda a vida, independente de sinais e milagres. Por isso Jesus diz que ''chegando a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se ofendem'' (Mt 13:21), eles não são capazes de entender e nem de confiar em Deus no tempo da angústia e da perseguição por não estarem fundamentados e enraizados na Palavra. Os sinais e milagres não são suficientes para fundamentar a vida espiritual. Deus é digno de confiança somente pela Palavra, não precisamos de nenhum sinal do céu para crer e confiar nEle, além da Cruz de Cristo! O Evangelho é suficiente:
''Uma geração má e adúltera pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, senão o do profeta Jonas.'' (Mateus 16:4)
 Jesus mostra como a vida espiritual a sós com Deus é uma prova cabal da salvação, da graça de Deus no coração do homem. Antes da semente nascer para cima, é necessário nascer para baixo, criar raízes em Deus! Pessoas superficiais, que vivem uma vida ambígua, não se dedicando totalmente a Deus na oração, na Palavra, na comunhão dos santos irão secar diante da tribulação - e ela virá. Estes facilmente ''se escandalizam'' quando Deus não envia socorro imediatamente, são rasos, irão definhar na fé. Observemos o paciente servo Jó e sejamos profundos em nossa vida espiritual!
''Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem os meus olhos.'' (Jó 42:5)
 O solo entre espinhos. Estes tipificam os corações que chegam no limite para produção. A Palavra cresce com até certa firmeza, mas eles não conseguem dar a primazia que a palavra requer e acabam caindo em um problema sutil e fatal: a improdutividade. O solo entre espinhos não é duro como o da beira do caminho e nem raso e infértil como entre os pedregais, o seu problema é que ele está contaminado com ervas daninhas e espinhos que crescem ''paralelos à Palavra'' e este é um grande problema. A Palavra de Deus não pode ter concorrentes no nosso coração para que produza frutos:
''Melhor é para mim a lei da tua boca do que inúmeras riquezas em ouro ou prata.'' (Salmos 119:72)
''Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia.'' (Salmos 119:97)
''A tua palavra é muito pura, por isso o teu servo a ama.'' (Salmos 119:140)
 Portanto, é impossível que a Palavra produza frutos em um coração que não dá a primazia a ela. Isso exige a renúncia das paixões e dos prazeres do mundo e da carne que crescem em nosso coração, e assim é que Jesus fala deste tipo de pessoa: ''os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas, sufocam a palavra, e fica infrutífera;'' (Mateus 13:22b). Temos vários exemplos de pessoas nas Escrituras que deixaram os prazeres e cuidados deste mundo sufocarem a Palavra. Tinham tudo para darem certo, mas acabaram em ruínas: Judas Iscariotes e Demas são exemplos. O primeiro andou com Jesus, viu os milagres efetuados pelo Senhor e teve o privilégio de ser um dos 12 apóstolos escolhidos por Cristo, mas deixou a ganância e o orgulho sufocarem a Palavra e tirou a própria vida. Demas era um dos companheiros de Paulo, o apóstolo que foi amplamente usado por Deus, escreveu metade dos livros do Novo testamento, mas que no fim da vida do Apóstolo, diz: ''Demas me desamparou, amando o presente século'' (2 Timóteo 4:10a). 

Oh meu querido amigo! Que nós não caiamos no mesmo exemplo de negligência e mundanismo, tornando a Palavra infrutífera em nosso coração, mas sejamos sábio e renunciemos a nós mesmos e ao mundo por amor ao Senhor.

O solo ideal ou a boa terra. Por último então, temos a terra em que a semente produziu frutos, esta é abençoada. Esta produziu porque é terra arada, profunda e livre de espinhos e ervas daninhas. Ela representa o coração que recebe a Palavra com fé e disposição para obedecer. Estes entendem o Evangelho e tem raízes profundas na Palavra. O selo de Deus naqueles que o servem é o fruto do Espírito, estes se arrependem dos seus pecados e os confessam, e Deus lhes perdoa e lhe deu um novo coração!
''E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo;'' (Atos 2:38)
''Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. Não reine portanto o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências;'' (Romanos 6:11-12) 
''Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança'' (Gálatas 5:22)
  Os fiéis, tementes a Deus, portanto, são caracterizados por seus frutos. O texto diz que estes produzem ''a trinta, sessenta e cem por um'', mas o fato é que todos produzem! Quanto mais nos aprofundamos na Palavra, mais firmes nos tornamos contra as intempéries da vida e mais produzimos frutos ao agricultor (João 15). Os crentes devem se esforçar por crescerem na graça e no conhecimento do Senhor, para que não corram o risco de se tornarem infrutíferos e serem cortados:
''Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação; porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus;'' (Hebreus 5:11-12)
''Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a benção de Deus; mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada.'' (Hebreus 6:7-8)
''Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.'' (João 15:1-2)

8 de out. de 2018

Sob a ótica Divina. (por Felipe Azevedo)


''Eu e o Pai somos um. Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar. Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte do Pai; por qual delas me apedrejais? Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo.'' (João 10:30-32)

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  Deus em Cristo abençoe a todos os amados irmãos e leitores.
  Neste exato dia em que escrevo este artigo, tentei expor a uma pessoa esta verdade que somente pela fé o homem entenderá, sendo iluminado pela graça divina do Espírito Santo: Jesus era Deus em carne. Mesmo nós que fomos iluminados por Deus para entender e para receber a graça de Deus em Cristo, vemos de maneira muito obscura o que esta verdade significa plenamente. Verdade é, que recebemos de Deus o suficiente para sermos salvos, transformados pela regeneração espiritual, mas o que será entender e desfrutar este mistério divino plenamente - que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo - deveras é algo que nos causa espanto e temor. Vemos esta verdade claramente exposta pelo apóstolo Paulo reiteradas vezes:
''Ó profundida da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído?'' (Romanos 11:33-35)
''Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à Igreja.'' (Efésio 5:32)
''...para compreenderem plenamente o mistério de Deus - Cristo, em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos.'' (Colossenses 2:2b-3) 
  Me proponho, entretanto, a falar não do mistério em si neste oportunidade (apesar de já ter escrito algo a respeito em outros textos neste blog, veja no nosso histórico), mas em falar do ''modo'' pelo qual nos apropriamos dele: a fé. Quando evangelizava este homem de que mencionei no início, tendo ele um conhecimento prévio de algumas passagens das Escrituras, percebi como o homem que não discerne a Bíblia de acordo com esta verdade - Deus em Cristo nos resgatou - se prende em assuntos de pouca ou nenhuma importância, ainda que esteja meditando nas sagradas Escrituras. Deus me deu graça naquele momento para explicar que sem a fé de que Jesus é o Filho Unigênito de Deus, que veio do seio do Pai e é Um com o Pai, como o próprio Cristo disse aos judeus na passagem acima, não há uma visão correta nem aproveitável da Bíblia para o homem. Esta verdade é o eixo que move toda a Palavra de Deus, desde Moisés até os Apóstolos, nada tem proveito à parte desta verdade, ''tudo é vaidade'' (Ec 1:2). O próprio Senhor confirma e também várias outras passagens:
''Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem... Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora.'' (João 12:23, 27)
''Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus.'' ''Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios;'' (1 Coríntios 1:18, 22-23) 
O ponto que quero destacar é este: somente quem vê sob a ótica Divina Jesus Cristo, pela fé, é que poderá então entender e desfrutar a graça de Deus em verdade. E este é o divisor de águas nas Escrituras que distingue os santos e fiéis dos ímpios e descrentes. A grande maioria dos judeus da época de Jesus não creram, e esta visão distorcida da pessoa de Cristo levou-os à considerarem Jesus blasfemo e ao crucificarem como vemos no texto de nosso cabeçalho.
 Ó quanto a verdade é de suma importância! Nada pode abalar este fundamento posto por Deus e quem edificar sobre ele jamais será abalado!
''Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer, não será, de modo algum, envergonhado. Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas, para os descrentes: A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular'' (1 Pedro 2:6-7)

6 de out. de 2018

Mérito ou Graça na dispensação da Lei. (por Felipe Azevedo)

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''Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida.'' (Levítico 17:11)

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Caríssimos irmão e leitores, nesta oportunidade vamos meditar acerca da forma como era realizada a expiação pelo pecado na chamada dispensação da lei, ou mosaica, como também é conhecida. Também trarei um simples argumento a favor da graça dispensada por Deus aos homens naqueles tempos anteriores a Cristo, com base também no Novo Testamento. Para tanto, vamos usar o texto proposto no título deste artigo.
  O contexto da passagem acima proposta em Levítico, era da proibição de Deus que se comesse a carne de animais com o seu ''sangue'', tanto os usados nos sacrifícios como de uso comum. E a causa desta proibição está posta no início do versículo: ''Porque a vida da carne está no sangue'', isto é, como o sangue da vítima era a causa da sua vida natural, física, também ele representava o elemento mais precioso da criatura, e não era lícito a qualquer outro se apropriar dele, a não ser o próprio Deus que o deu, isto é, trouxe o animal à vida. Esta ordenança nos ensina duas verdades importantes: a primeira fala sobre a extrema seriedade que Deus trata a vida de suas criaturas, não somente a dos homens, mas também dos animais, os quais Ele exigia o derramamento do sangue na terra, como um sinal de que a propriedade da vida pertence aquele que a deu. Em segundo, a também extrema seriedade do pecado para Deus, visto que somente aceitaria como expiação pelo pecado humano a morte do animal, por se tratar de uma ''vida'' por outra, no derramar do sangue sobre o altar, ou seja, a vida do animal em lugar da humana, e aqui entra a segunda parte do versículo que diz: ''Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação''. O autor da Epístola aos Hebreus ratifica esta necessidade:
''Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão [de pecados].'' (Hebreus 9:22)
  Agora, como propus no título deste artigo, quero argumentar que a ênfase deste sistema de sacrifícios revelados por Deus e dados ao povo de Israel para manutenção do relacionamento sadio entre Deus e o povo, não repousa sobre os méritos humanos e sim sobre a graça Divina. Alguém irá dizer que isso é tão evidente que não necessita de uma defesa, mas não era a realidade entre a grande maioria do povo que vivia sob o regime da lei. Pois grande parte dos israelitas via no fato de terem garantidos o perdão e a benção Divina através dos sacrifícios uma brecha para se vangloriarem na sua posição e praticarem uma religião superficial. Assim testifica o profeta acerca disso:
''De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? - diz o SENHOR. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais cevados e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecer perante mim, quem vos requereu o só pisardes nos meus átrios?'' (Isaías 1:11-12)
 A ênfase dos sacrifícios portanto, não repousa sobre a morte dos animais em si, mas sim sobre o fato de Deus os aceitar. O texto deve ser lido com a ênfase: ''Eu vo-lo tenho dado sobre o altar'' !! Isto é, os sacrifícios tinham a sua importância porque o próprio Deus se dispôs a aceita-los, e não sobre o fato de que o homem tem condições de oferece-lo. Os animais que eram oferecidos pertenciam a Deus bem como o próprio homem que o oferecia! Portanto, os sacrifícios oferecidos pela expiação da culpa eram pura Graça! Deus aceitava sobre o altar um animal da mão do homem, e desta maneira concedia o perdão dos pecados dele, e a atitude que era esperada por parte do homem era de uma gratidão imensurável bem como de grande temor pela graça de Deus:
''Não te repreendo pelos teus sacrifícios, nem pelos teus holocaustos continuamente perante mim. Da tua casa não aceitarei novilhos, nem bodes, dos teus apriscos. Pois são meus todos os animais do bosque e as alimárias aos milhares sobre as montanhas'' (Salmos 50:8-10)
''Nem todo o Líbano basta para queimar, nem os seus animais para um holocausto.'' (Isaías 40:16)
  ''Contigo, porém, está o perdão, para que te temam.'' (Salmos 130:4)
  Agora, pois, os sacrifícios de animais não são suficientes para apagar o pecado humano, visto que o próprio homem é quem deve sofrer a punição, e um animal não tem o mesmo valor do homem, seria necessário que um homem sofresse a punição no lugar de todos como representante legal, e este não tivesse pecado para ser aceitável a Deus, alguém que fosse capaz de sofrer a severa punição do pecado e fosse santo como Deus, e ao mesmo tempo humano em sua total natureza, um Homem-Deus! Já temos a resposta para esse dilema Divino gloriosamente revelado em Jesus Cristo:
''Tendo, pois, irmãos, intrepidez, para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne'' (Hebreus 10:19-20)
''Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir, e dar a sua vida em resgate por muitos'' (Marcos 10:45)